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29 junho, 2011

Uma Jovem perigosa


       Vem a propósito o que se passou, anos atrás, com uma jovem de formação cultural invejável, numa das capitais do país, segundo jornal da época.
       Sobraçando originais de um livro cuidadosamente preparado, chega logo de manhã a moça a uma editora de renome. Crônicas, contos, poesias. São dignos de publicação, assim os considera e quer que o editor aceite.
       O homem interrompe os afazeres, atende a moça, faz leitura dinâmica, vê logo que o assunto não se promove, não dá.
       - É, infelizmente... no entanto, mais à frente, outras produções. Quem sabe?
       O rosto da jovem se preocupa. Está ansiosa, sua respiração se altera:
       - Mas... o senhor nem leu direito. Fique com eles, leia com atenção.
       - Infelizmente este gênero de literatura não tem público, senhorita.
       A criatura não se contém, e fala de um mundo de ignorantes, de pessoas em lugares errados, cargos de importância ocupados por ineptos.
       O homem escuta impassível, sorriso leve, como que se desculpando, mas dono da situação.
       Estas produções - insiste ela - eu as escrevo debaixo de grande emoção. Sério, mesmo - continua, explicando.
       Levantava-se à noite, quando todos permaneciam imersos em sono, a casa tranqüila. E vinha tudo como uma inspiração fantástica, chegava a doer-lhe o braço, tal a vontade de transbordar no papel sua alma emocionada.
       E leu para o homem complacente mais algumas linhas, puxando a emoção para cada sílaba, caprichando.
       A voz da salvação chega com a secretária, que chama o patrão:
       - Senhor. Dona Fulana (a esposa) quer lhe falar, urgente. Na sala ao lado.
       O editor pede licença, polido, e deixa o compartimento.
       Revoltada contra o mundo, contra aquele empresário sem nenhuma sensibilidade, contra tudo que a frustrava, no momento, aproveita aquela saída e, num átimo, tranca-se por dentro. O escritório agora é seu.
       Chegou a hora da vingança. E com todos os requintes e pormenores, passa a destruir o palco das súbitas desilusões. A fúria só se contém entre os braços da polícia. No Distrito Policial, a dúvida se desvanece: o caso é da competência do Departamento de Assistência ao Psicopata.
       Se os apressados críticos julgam tratar-se de mais um caso de loucura na cidade grande, nós que conhecemos o assunto já sabemos que estamos à frente de uma psicógrafa novata sob processo obsessivo.

Jesu te escuta


"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."
Afirmas absoluta solidão
Dizes não existir um só coração que te afague os sentimentos belos
que o alimentem de nobres sonhos
Perguntas aos vãos da tua morada: com quem compartilhar
os planos do amanhã e as realizações do agora?
Onde uma mão amiga a estender-se para pensar tuas enfermidades?
Adiantando o porvir reclamas uma alma que te acompanhe as
últimas horas na jornada física
Dores do teu valoroso coração que se não perdem
nos ventos da Terra
Se crês no amor acalma teus anseios e ausculta nas cortinas
do teu próprio Ser, uma luz que vela tua caminhada como
serena chama em noite tempestuosa a te falar blandícias
e consolações sem que atines na sua ação
Tal Luz é o Cristo que padecendo contigo as tuas provações
acompanha-te no teu calvário de iluminação
reservando-te o jugo da ínfima parte do
teu madeiro redentor
.Por Meimei

28 junho, 2011

3º Congresso Espírita Brasileiro em Brasilia/DF.

Causas espirituais das doenças

Camboja
1- O que estrutura espiritualmente o corpo de carne?
Emmanuel: O corpo espiritual ou perispírito é o corpo básico, constituído de matéria sutil, sobre o qual se organiza o corpo de carne.

2 - O erro de uma encarnação passada pode incluir na encarnação presente, predispondo o corpo físico às doenças? De que modo?

Emmanuel - A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semi-material do corpo espiritual. Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.

3 - Quais os dois aspectos da Justiça?
Emmanuel - A Justiça na Terra pune simplesmente a crueldade manifesta, cujas conseqüências transitam nas áreas do interesse público, dilapidando a vida e induzindo à criminalidade; entretanto, esse é apenas o seu aspecto exterior, porque a Justiça é sempre manifestação constante da Lei Divina, nos processos da evolução e nas atividades da consciência.

4 - Qual a relação existente entre doenças e a Justiça?
Emmanuel - No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar a Justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males que acalentamos.

5 - O que faz o Espírito, antes de reencarnar-se visando à própria melhoria?
Emmanuel - Antes da reencarnação, nós mesmos, em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos imunizem, ante a possibilidade de reincidência nos erros em que estamos incursos.

6 - Que pedem, para regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma?
Emmanuel - Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendências ao desequilíbrio intelectual.


7 - Que medidas de reabilitação rogam os artistas que corromperam a inteligência?

Emmanuel - Artistas, que intoxicamos a sensibilidade alheia com os abusos da representação viciosa, imploramos moléstias ou mutilações, que nos incapacitem para a queda em novas culpas.

8 - Que emendas solicitam os oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra?
Emmanuel - Tarefeiros da palavra, que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial.

9 - Que providências retificadoras pedem para si próprios aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo?
Emmanuel - Criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos as doenças e as inibições genésicas que em nos humilhando, servem por válvulas de contenção dos nossos impulsos inferiores.

10 - Todas as enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo Espírito do próprio enfermo, antes de renascer?

Emmanuel - Nem sempre o Espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias quais aqueles que se verificam no suicídio ou na delinqüência, caímos, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios.

11 - Quais são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina?
Emmanuel - Encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se acumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinqüiram.

12 - A mente invigilante pode instalar doenças no organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária?
Emmanuel - A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas.

13 - Qual a advertência de Jesus para que nos previnamos dos males do corpo e da alma?
Emmanuel - Assinalando as causas distantes e próximas das doenças de agora, destacamos o motivo por que os ensinamentos da Doutrina Espírita nos fazem considerar, com mais senso de gravidade, a advertência do Mestre: “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”.

EMMANUEL
(Do livro “Leis Do Amor”, Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira)

27 junho, 2011

Crescimento Pessoal I

"Não há fé inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da humanidade". Allan Kardec

Consiste em vencer a credulidade soberba ou simplória através da dúvida humilde e paciente.

Tu cresces não em função da tua capacidade de crer cegamente nas coisas, mas em função da tua capacidade de exercitar a dúvida constante e metódica buscando respostas para as perguntas que te afligem.

Se tens realmente fé, é necessário que ponhas em dúvida todas as coisas, pois crescer é duvidar, e há mais na dúvida honesta do que na crença cega.
A dúvida é a chave da sabedoria.

O homem sábio duvida o tempo todo, desafiando os atuais limites do seu corpo, da sua razão e da sua sensiblidade.

O tolo, ao contrário, é sempre um obstinado em permanecer dentro dos limites atuais, de onde ele julga saber todas as coisas, exceto a sua própria ignorância.

O hábito de colocar em dúvida até mesmo os próprios valores, princípios e paradigmas é a marca de alguém que já se encontra em permanente crescimento. Por Geraldo E. Souza
"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

26 junho, 2011

Abraço gera bem-estar e conforto

O gesto é a maneira mais universal de manifestar apoio e carinho 
Está para ser criado gesto tão significativo quanto o abraço. Ao mesmo tempo em que conforta e protege, ele proporciona uma sensação prazerosa a quem envolve e é envolvido. O ato ativa as regiões temporais e frontais do cérebro, que são ligadas ao prazer. 

Segundo a neurologista Sonia Brucki, vice-coordenadora do departamento de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Associação Brasileira de Neurologia, o abraço faz com que o cérebro libere dopamina e serotonina, hormônios do prazer. "Você estabelece uma empatia com a pessoa, percebe o sentimento dele. Isso dá uma sensação prazerosa", explica. 

O abraço também é uma ótima alternativa para sanar o grande mal moderno: o estresse. Estudo realizado pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, indica que abraçar diminui os níveis de cortisol e a norepinefrina, hormônios relacionados ao estresse, além de diminuir a pressão sanguínea, o que previne doenças cardíacas. O aumento da taxa de uma substância chamada oxitocina também é notável. Quanto mais oxitocina o cérebro libera, mais a pessoa quer ser tocada e menos estressada ela fica: ou seja, quanto mais abraçada ela é, mais ela deseja ser abraçada. 

Portanto, embora não combata diretamente as causas do estresse - sejam elas vindas de problemas familiares, do trabalho, entre outras -, o abraço acolhe a pessoa de tal forma que pode melhorar, e muito, a disposição e a maneira de encarar os problemas. 

Outro mal da mente a ser tratado com ajuda do abraço é a depressão que, hoje, é a maior causa da diminuição da expectativa de vida do brasileiro, segundo recente estudo publicado pelo periódico Lancet. De acordo com a psicóloga Glauce Assunção, do Hospital São Camilo, o depressivo tende a não ver saídas e, com o abraço, ele pode se sentir acolhido, por causa da boa sensação proporcionada pelo toque. "Mesmo não sendo a cura, esse apoio e amparo são necessários para que o depressivo se sinta seguro. É um reforço ao tratamento", afirma. 

Abrace sua família

Glauce afirma, no entanto, que as pessoas se abraçam pouco hoje em dia. O distanciamento não está presente apenas em meios externos, como o escolar ou corporativo, mas também dentro dos lares. Segundo a psicóloga, a raridade do abraço no âmbito familiar causa até estranhamento na criança que, sem o hábito de abraçar, acaba recebendo esse conforto de outra pessoa. 

O ideal é que as pessoas consigam, em casa, pelo menos um abraço todos os dias. Isso reduz significativamente os atritos na família, como uma bandeira branca. 

Ela também lembra que o abraço faz com que a criança se sinta protegida e acolhida, sensação mais do que necessária na infância. "O abraço ficou cada vez mais distante. Hoje em dia, as crianças sentem falta disso. O pequeno chega em casa, já vai ao computador, enquanto a mãe vai à cozinha fazer o jantae. A criança fica desprotegida", diz Glauce. Abraçar o pequeno o fará uma pessoa mais segura - imagem que ele transmitirá fora de casa. 

O gesto também é imprescindível entre o casal. Quando o assunto é envolvimento sentimental, a psicóloga afirma que abraçar é um ato mais forte que beijar. "Ele reforça os relacionamentos, reduz as diferenças. O abraço acalma e é mais significativo que um beijo na boca ou no rosto."

Melhore o dia de alguém 

Para melhorar o dia de uma pessoa, não é necessário muito esforço, apenas um abraço. Faça o teste: experimente abraçar alguém que você tenha algum carinho e perceba como o sorriso dessa pessoa muda. Ela se sentirá importante, protegida e com mais disposição. "Quem abraça é capaz de sentir o outro, combate suas tristezas, incertezas. Você sustenta as lágrimas da pessoa, lhe dá sensação de conforto", reforça Glauce. 

No entanto, nem pense em sair abraçando qualquer um. Abraçar por abraçar, sem intimidade real, pode causar efeitos contrários. "Se for forçado, você não se sentirá bem porque, quando você abraça, você recebe de volta, esse toque é mútuo. Não adianta dar algo falso", argumenta a psicóloga.

25 junho, 2011

Força ou Perseverança

 Jabuti - Répteis do género Chelonoidis
Há basicamente dois modos para se atingir um determinado fim:
- pela força ou pela perseverança.


A força resulta do uso do poder econômico, do poder político, do poder bélico ou do poder de influenciação, estando disponível apenas para uns poucos privilegiados, que muito comumente costumam usá-la de forma irresponsável ou violenta.


A força raramente produz resultados muito sólidos e duradouros, embora seja capaz de atingir rapidamente os fins desejados.


A perseverança, por sua vez, não resulta de nenhum aparato externo à própria pessoa, podendo ser praticada por qualquer indivíduo com energia bastante para definir o que quer da vida e acreditar em si próprio, mesmo quando todas as evidências recomendam o contrário.


Embora o caminho da perseverança seja habitualmente lento e cheio de obstáculos, os resultados atingidos dessa forma são sempre muito mais maduros, consistentes e duradouros.

Qual o objetivo da reencarnação dos Espíritos

24 junho, 2011

Processos de Libertação da Culpa

FOTO- Rogério Souza
Há uma culpa saudável que deve acompanhar os atos humanos quando os mesmos não correspondem aos padrões do equilíbrio e da ética. 
Esse sentimento, porém, deve ser encarado como um sentido de responsabilidade.

Sem ela, perder-se-ia o controle da situação, permitindo que os indivíduos agissem irresponsavelmente.

Todas as criaturas cometem erros, alguns de natureza grave. No entanto, não tem por que desanimar na luta ou abandonar os compromissos de elevação moral.

O antídoto para a culpa é o perdão. 
Esse perdão poderá ser direcionado a si mesmo, a quem foi a vítima, à comunidade, à Natureza.

Desde que a paz e a culpa não podem conviver juntas, porque uma elimina a presença da outra, torna-se necessário o exercício da compreensão da própria fraqueza, para que possa a criatura libertar-se da dolorosa injunção.

A coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa.

Consciente do erro, torna-se exequível que se busque uma forma de reparação, e nenhuma é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou, ensejando-lhe a recomposição do que foi danificado.

Tratando-se de culpa que remanesce no inconsciente, procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação, torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e libertador da carga conflitiva.

Ignorando-se-lhe a procedência, não se lhe impede a presença em forma de angústia, de insegurança, de insatisfação, de ausência de merecimento a respeito de tudo de bom e de útil quanto sucede... Assim mesmo, o esforço em favor da solidariedade e da compaixão, elabora mecanismos de diluição do processo afligente.

É comum que o sentimento de vergonha se instale no período infantil, quando ainda não se tem ideia de responsabilidade de deveres, mas se sabe o que é correto ou não para praticar. Não resistindo ao impulso agressivo ou à ação ilegítima, logo advém a vergonha pelo que foi feito, empurrando para fugas psicológicas automáticas que irão repercutir na idade adulta, embora ignorando-se a razão, o porquê.

A culpa tem a ver com o que foi feito de errado, enquanto que o sentimento de vergonha denota a consciência da irresponsabilidade, o conhecimento da ação negativa que foi praticada.

Somente a decisão de permitir-se herança perturbadora, que remanesce do período infantil, superando-a, torna possível a conquista do equilíbrio, da auto-segurança, da paz.

A saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-se do contributo valioso do discernimento que avalia a qualidade das ações e permite as reparações quando equivocadas e o prosseguimento delas quando acertadas.

23 junho, 2011

Bens externos

Scott Weaver's Rolling through the Bay from The Tinkering Studio on Vimeo.

“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas que possui.” — Jesus. (LUCAS, capítulo 12, versículo 15.)

“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas que possui.”
A palavra do Mestre está cheia de oportunidade para quaisquer círculos de atividade humana, em todos os tempos.

Um homem poderá reter vasta porção de dinheiro. Porém, que fará dele?

Poderá exercer extensa autoridade. Entretanto, como se comportará dentro dela?

Poderá dispor de muitas propriedades. Todavia, de que modo utiliza os patrimônios provisórios?

Terá muitos projetos elevados. Quantos edificou?

Poderá guardar inúmeros ideais de perfeição. Mas estará atendendo aos nobres princípios de que é portador?

Terá escrito milhares de páginas. Qual a substância de sua obra?

Contará muitos anos de existência no corpo. No entanto, que fez do tempo?

Poderá contar com numerosos amigos. Como se conduz perante as afeições que o cercam?

Nossa vida não consiste da riqueza numérica de coisas e graças, aquisições nominais e títulos exteriores. Nossa paz e felicidade dependem do uso que fizermos, onde nos encontramos hoje, aqui e agora, das oportunidades e dons, situações e favores, recebidos do Altíssimo.

Não procures amontoar levianamente o que deténs por empréstimo. Mobiliza, com critério, os recursos depositados em tuas mãos.

O Senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelas bênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico.
Reconhecer-te-á pelo emprego dos teus dons, pelo valor de tuas realizações e pelas obras que deixaste, em torno dos próprios pés.
Livro: Caminho, Verdade e Vida
Chico Xavier/Emmanuel
 

22 junho, 2011

Sentir-se humilhado


Sentir-se humilhado pode não ser tão ruim assim para nós 
que estamos em constante aprendizado, pois à humilhação pode fazer em nós uma mudança em nossos sentimentos, principalmente a baixa de nosso ego e a perda do nosso orgulho, que atrapalha nossa caminhada e nos deixa alheios aos sentimentos do outro, visto que muitas vezes a humilhação nos remete a um sentimento muito escasso nos dias atuais, a humildade uma virtude que poucos têm exercitado ao longo da vida.

É através da humilhação, que podemos colocar em prática 
a humildade em nossos corações, aceitando nossas faltas, nossos erros e a incompreensão do outro por nossas ações.

Perceba que muitas vezes nós mesmos nos humilhamos 
por ocasião do amor não correspondido, do trabalho que não é o que pensávamos ser, do objetivo que queremos buscar a qualquer custo e por muitos outros motivos que temos em nossa vida e que para conquistá-los, utilizamos nossas melhores forças indevidamente, reduzindo a nossa capacidade de expressar nossas virtudes, devemos sim buscar nossos objetivos, mas não devemos nos destruir emocionalmente para chegar até eles.

Portanto sentir-se humilhado muitas vezes é uma benção para nós, 
porque somente assim poderemos começar a trabalhar em nós virtudes tão sublimes como a humildade, o amor, a compaixão, o perdão e a compreensão. 

21 junho, 2011

Deficiência aceitação ou não aceitação


Outrora as pessoas deficientes eram consideradas loucas e o preconceito era grande. 

Mas, se faz necessário enfrentar a questão analisando de forma angular, sem disfarces .

Nós, espiritas, sabemos que a deficiência, sob qualquer de suas formas, é doença , e assim é necessária ao homem, enquanto Espírito em desenvolvimento É preciso compreender que a doença faz parte da vida do homem e, como tudo, tem ela sua função, seu papel . 

A vida material corresponde a um processo, isto é,a uma sequência contínua de fatos ou operações que representam certa unidade ou que se reproduzem com certa regularidade levando o homem a uma atividade constante, através da qual se desenvolve, se transforma.

Viver é sempre enfrentar obstáculos diferentes, aflitivos às vezes, prazerosos outros, mas, sempre estimulando o próprio desenvolvimento do ser. 

A doença, tão natural em um corpo que nasce, cresce, reproduz e se decompõe nos seus elementos constitutivos, faz parte desse viver. É, pois, uma realidade da vida em mundos materiais em desenvolvimento, servindo ao progresso espiritual do homem. 

Aceitá-la como parte do viver na Terra é um ato inteligente, o que não significa conformação passiva. É um desafio a ser vencido, procurando meios de afastá-la ou amenizar seus efeitos. 

Considerá-la como um fator natural desse viver, estudá-la, para bem lhe conhecer as causas e, por consequência, os meios de evitá-la, de combatê-la, de vencê-la, libertando o homem dessa necessidade atual, têm sido preocupações e atividades de excelente desenvolvimento, realizadas por muitos que se dedicam, nas diferentes áreas, proporcionando à Humanidade, um viver, cada vez mais, em melhores condições físicas e materiais, tendo até a existência prolongada. 

A Humanidade um dia se libertará das doenças, mas, por muito tempo ainda, a Terra terá de conviver com elas, enquanto o homem, com saúde, não aprender a viver no respeito mútuo dos deveres e direitos de cada um. 

O espiritismo, demonstrando a doença, em geral, como resultado dos desequilíbrios no perispírito, causados pelo Espírito, toda vez que infringe a lei do Bem, que é a que impera sobre tudo e todos, dá também um bom motivo, para evitar a revolta, o desespero, a inconformação, que muitas vezes, concorrem para piorar a situação e a própria doença. 

Demonstrando, também, ser a doença, quase sempre, um processo de cura, de libertação de efeitos de erros em um passado remoto ou próximo, oferece os elementos racionais e lógicos para um melhor entendimento da necessidade dela para o homem imperfeito. 

"A dor, sob suas múltiplas formas é o remédio supremo para as imperfeições, para as enfermidades da alma". escreveu Léon Denis no seu livro Depois da Morte, Quinta Parte, L - Resignação na Adversidade. 

Supremo, significa derradeiro, último, extremo, que está acima de tudo.

Isso significa que não é o único remédio, mas é o usado quando todos os outros falharam. 

Como o Espírito imortal faz sua caminhada evolutiva através de todas as experiências do viver, a doença tem, também, na Terra, a função de estimular no sofredor o desenvolvimento das virtudes que, na saúde, em geral, ele não as deseja ou não sente a necessidade de desenvolvê-las em si. 

A doença pode, se bem entendida e aceita, transformar o homem em um ser melhor, muito melhor... 

Deus, Inteligência Suprema, criou leis para auxiliar seus filhos na caminhada evolutiva. Uma delas é a de causa e efeito, que faz com que toda ação provoque uma reação semelhante à causa que a provocou. 

Assim, os habitantes da Terra, Espíritos rebeldes às leis divinas, embora continuem vivendo em um mundo maravilhoso, tendo todas as oportunidades de viver de acordo com as leis divinas, podendo até saldar suas dívidas anteriores através do amor ao próximo, ainda permanecem sujeitos às doenças e sofrimentos, porque continuam presos ao orgulho e no egoísmo, aos valores materiais. 

Por isso, as doenças, as dores e os sofrimentos fazem parte do cotidiano do homem. 

Se assim é, sejamos inteligentes e aproveitemos para estudar, em nós, suas causas, procurando eliminá-las, aproveitando, quando doentes, o desenvolvimento da paciência, da tolerância, da resignação, do respeito e gratidão pelos envolvidos no processo de tratamento, facilitando seus trabalhos, em favor de nós mesmos, compreendendo as doenças na sua função de reeducar-nos, de colaborar com nosso desenvolvimento moral, tão necessário quanto o desenvolvimento intelectual. 

Os portadores de deficiências ainda não estão suficientemente integrados na sociedade espírita. 

Essa afirmativa não significa que existam discriminações propositais ou que a sociedade espírita tenha para com eles uma atitude e um procedimento diferentes das demais coletividades. 

O que desejamos salientar é o desnível entre os princípios da Doutrina Espírita sobre a vida, o ser, o destino e as consequências práticas retardadas, dentro do objetivo expressado pelos espíritos a Allan Kardec no alvorecer da Codificação: "É ao mundo todo que se trata de agitar e transformar". 

Diante da árvore mais fértil plantada na Terra após o cristianismo, parece-nos que os frutos estão espalhados pelo chão como se tivéssemos o privilégio de só colher o que satisfaz à fome de cada um de nós. 

A Doutrina Espírita tem tal sabedoria e profundidade que não basta conhecê-la por leitura e por estudo. Seu tríplice aspecto, em caráter de síntese das verdades que a filosofia, a ciência e a religião procuram separadamente sem encontrar (exatamente por estarem separadas) necessita repensares a cada experiência de vida, a cada geração de pessoas, a cada descoberta do progresso. A ultrapassagem do mecanismo reducionista newtoniano e do racionalismo do método cartesiano, que ensinaram a classificar e a pensar com clareza, levou, pela lei do progresso contínuo, ao novo paradigma, de que tanto se fala hoje, próximo ao holismo integrativo, sem perder a centralização monista. 

É ainda no Espiritismo, tal como codificado por Allan Kardec, que encontramos o marco inicial desse paradigma e as bases para a civilização dos próximos séculos - "Tudo se encadeia, tudo se liga no universo" é a frase-chave da nova visão cultural e, sob ela, todas as circunstâncias, situações e variedades assumem importância imprescindível à harmonia do todo, cujo fulcro irradiador é "A Causa primária, a Inteligência Suprema". 

Não é fácil, hoje, avaliar corretamente a transcendência do aparecimento histórico cultural do Espiritismo na Terra. Menos fácil é a aplicabilidade na vivência pessoal e ainda menos fácil a projeção na sociedade da função transformadora que ilustraria o objetivo implícito nessa transocialização entre encarnados e desencarnados. 


A Cibernética Social, estruturada pelo sociólogo Waldemar de Gregori, analisa a sociedade dentro de uma ótica sistêmica, entrelaçada nas telas de um
"Show planetário". O indivíduo busca sua difícil auto-condução, em meio a um jogo triádico, tendo de um lado o Poder ou a situação dominante Oficial, do outro lado, o apelo natural de Renovação e, no centro, a posição Oscilante, entre um e outro, não propriamente procurando o equilíbrio mas permanecendo indecisa sobre o rumo a tomar. O contexto natural renovador acaba se sobrepondo e obtém o poder da oficialidade que, temporariamente, se estabelece e fica conservador até a repetição do processo. 

Essa trialética lembra as observações otimistas de Kardec sobre a transformação da sociedade através da influência da minoria tendente à verdade e ao bem sobre a maioria indecisa, para defender a sua certeza absoluta de que "o bem vencerá". A Cibernética Social destaca a "dinamização das potencialidades" como agente do processo de mudança, tanto no nível individual como no nível grupal, societário e universal.

Referimo-nos, de passagem, à visão da Cibernética Social para reforçar as afirmativas que unem a clareza cartesiana, utilizada por Allan Kardec nos livros da Codificação, às atualíssimas concepções da trialética holística. O que se tem de verdadeiro em nossa modernidade já estava presente na magnífica síntese publicada na Terra em 1857 sob o nome de O Livro dos Espíritos. 

O objetivo das encarnações é a evolução, que pode ser expressada como o processo do desenvolvimento das potencialidades dos filhos de Deus, herdeiros do reino do Pai, por direito de criação.

É nesse contexto que colocamos a primeira afirmativa do nosso tema e que podemos compreendê-lo. Não, certamente, aceitá-la passivamente sob pretexto de suas dificuldades mas procurar os pontos vulneráveis que permitirão concretizar uma das condições mais decisivas para a fraternidade humana: o relacionamento empático de um para com todos, sem exceção. Por isso Jesus disse: "Ama a teu próximo como a ti mesmo", abrindo a primeira porta da libertação dos viventes na Terra, a partir das experiências comuns aos aprendizes, ainda na fase de um periférico amor a si próprio.

A frase evangélica, sábia entre as mais sábias, faz surgir novas conotações humanas na busca de vocábulos ligados à harmonia, cuja falta se traduz em inquietação, insegurança, medos e infelicidades. Uma dessas conotações está na palavra Empatia, desenvolvida por Carl Roger, na qual o outro é, em essência, igual a mim; o que busco, ele busca; o que faço nem sempre ele consegue fazer mas muito do que ele faz eu não sei fazer; então, estamos interligados como equipe, permutando capacidades para chegar à vitória, jogando no mesmo time. 



As considerações acima colocam o significado da integração humana dentro da empatia como condição de dignidade de vida. Mas as pessoas portadoras de deficiências são vistas como elementos estranhos onde quer que estejam, exceto nos poucos lugares destinados aos tratamentos especializados.
O drama social que enfrentam está no fato de apresentarem suas diferenças tão ostensivamente que é difícil não se tornarem focos de atenção e, a seguir, de retração. Talvez essa retração (que leva à rejeição e à discriminação) disfarce uma espécie de medo e auto-defesa, provocados pela desconfiança de que se o fato ocorre com alguém da espécie humana pode acontecer conosco e a qualquer momento. Como de fato pode.

A integração humana começa na concepção, ou melhor, antes dela quando o "campo" vibratório da futura mãe se torna um ímã de atração para o futuro filho, dentro do envolvimento já existente e do plano reencarnatório, delineado, escolhido, aceito ou imposto para os encontros naquele trecho do caminho da vida.

A contribuição do Espiritismo é urgente nesse início de interação e empatia, ainda porque cada nascimento é uma resposta ao apelo da fraternidade e cada resposta pessoal interfere na humanidade toda. Essa contribuição acresce de importância nas encarnações difíceis, cujo número está percentualmente aumentando em nossa modernidade. 

Vários livros e pesquisas estão sendo divulgados identificando que o preparo para o convívio harmonioso e para a vida plena começa no diálogo com o bebê no ventre materno. 

Afirmam que é, efetivamente, um diálogo, pois o adulto fala e o feto responde como pode, sendo, é claro, mais receptivo que expressivo. Esses alguns livros são contudo poucos, além de se posicionarem dentro de modelos acadêmicos. Não ousaram avançar antes dos primeiros movimentos do bebê sentidos pela mãe e se omitiram de aspectos espirituais. 

Que pena! 

Os livros recebidos por Chico Xavier, notadamente a série André Luiz, forneceria a esses escritores e pesquisadores, um imenso oceano de informações. Que esplêndido programa poderão as sociedades, as instituições, os centros e as casas espíritas desenvolverem nesse sentido! Ouviremos: "Já está sendo feito esse trabalho. 

No Brasil a gestante, principalmente a carente, recebe assistência pré-natal em inumeráveis serviços espíritas, acrescidos de cursos sobre o nascimento, confecções de enxovais e fluidoterapia através de "passes", além de sugestões educacionais. 

A nosso ver isso é muito bom mas é ainda muito pouco e qualitativamente pequeno diante dos recursos oferecidos pela Doutrina Espírita na sua abrangência metas social. 

Foi bom ele ter nascido? 

As respostas variam. 

Os preocupados com a situação sócio-econômica lembram que ele é um dos 10 em cada 100 que vão agravar ainda mais os problemas da Terra, ligados à produção e à distribuição de recursos. 

Os adeptos das religiões apresentam respostas diversas: "A vontade do Todo poderoso quis assim", ou simplificadamente: "É o Karma"

A ciência de retaguarda, procurando ser humanista, poderá dizer: "Provavelmente, morrerá cedo"
Os amigos, compadecidos, dirão ao bebê: "Coitadinho, é um anjinho" e aos pais: "Estamos com vocês nesse drama tão triste" e aos vizinhos "Souberam da tragédia acontecida na família dos Silvas?".

Essas frases, em estilo informal, apresentam por abrangência as outras variedades. 

Em todas, ele, o bebê atípico, é o indesejável, o subconscientemente rejeitado. 

A nós, participantes da coletividade reencarnacionista, uma dessas respostas merece maior análise. É aquela que, lembrando por atavismo cultural a Pena de Talião: Olho por olho, dente por dente", condena sem julgamento e coloca sobre os frágeis ombros do bebezinho excepcional, arbitrariamente os qualificativos da criminalidade, em nome da Justiça Divina, que, nesse sentido, fica menor que o Amor. 

Por mais que a coletividade espírita esteja falando e escrevendo sobre o que dissemos acima, ainda é pouco. 

Não porque queiramos mas porque, como nos lembra André Luiz, "Contra os nossos anseios de claridade temos milênios de sombras". A vocação punitiva, tão enfatizada no Velho Testamento, resiste à plenitude do Amor dos Evangelhos cristãos.

O bebê deficiente está no seu berço de redenção. 

A família se entristeceu e se decepcionou por ele ter nascido como nasceu.

Lembra-nos um dos personagens do extraordinário livro "Memórias de um suicida" (ditado à médium Ivone Pereira), que renasceu sem os braços. 

Na intimidade, seu espírito estava felicíssimo. recebera a oportunidade tão solicitada. Amigos desencarnados se regozijavam, ainda porque ele voltara ao aconchego dos mesmos comparsas de escuras tramas do passado.

Finalmente surgira o momento da decisiva renovação para todos. Mas, aqueles mesmos familiares de hoje e de outrora, choravam a desgraça que acontecera por lhes ter nascido um bebê defeituoso.

Tal como comparamos a felicidade à sintonia com as leis divinas, sob a luz do Espiritismo, pudemos comparar a experiência difícil com a redenção concentrada ou a renda do tesouro acumulada. Sim, é para resgatar dívidas contraídas, mas o passado ficou lá atrás e o presente é o novo dia projetando-se para o futuro. 

O estigma moral colocado sobre os deficientes de hoje é uma confusão entre passado e presente, uma distração interpretativa diante da tese espírita sobre a evolução. 

Um dos riscos na compreensão da Lei de Causa e Efeito está em se enfatizar os aspectos dramáticos de preferência aos abençoados atalhos, que são estreitos e árduos, mas necessários à gloriosa escalada na montanha do auto-aperfeiçoamento. 

Coloca-se sobre as palavras "Expiação" e "Provas" uma sobrecarga pejorativa, também arbitrária, que as faz sobressair sobre a finalidade fundamental das reencarnações, em suas múltiplas variedades, dentro das duas metas expressadas na célebre resposta 132 de O Livro dos Espíritos... "a Perfeição" e, depois, "tornar a criatura apta a colaborar na obra do Criador". 

Sobressai o dueto passional crime-castigo como se não estivesse tão clara a certeza de que Deus é Amor. 

Expiação e Provas são desvios comuns do trânsito, possibilitados, menos por punição do que pelo amor contido no centro da Lei Divina. 

Pensamos que a sociedade espírita tem todas as condições para preencher esses espaços vazios criando e desenvolvendo serviços alternativos para complementar a integralidade da assistência. 

Ousamos afirmar que, sob variadas formas, a sociedade espírita está sendo convocada a se mobilizar também nessa área. 

20 junho, 2011

Homenagem - Joanna de Angelis

As conversas familiares


I'm a monster from Headless Productions on Vimeo.

Você já pensou, em algum momento, gravar as conversas familiares? Tem idéia a respeito do que se fala, no lar, às refeições, por exemplo? E do efeito desses diálogos sobre as mentes infantis? Pois um professor de Sociologia da Universidade da Pensilvânia realizou a experiência.

O Dr. Bossard conseguiu fartos exemplos da conversa de famílias, à hora do jantar. E, embora não tivesse imaginado, descobriu alguns estilos, definidos pelos hábitos de conversação constante.

Um dos mais evidentes foi o estilo crítico. Isto é, durante a refeição, não se falava nada de bom a respeito de alguém. O assunto constante eram os amigos, parentes, vizinhos, os aspectos de suas vidas, naturalmente sempre apresentados de forma negativa. Reclamava-se das filas no supermercado, do mau atendimento em lojas, da grosseria do chefe, enfim, das coisas ruins que existem no mundo.

Essa atmosfera familiar negativa redundava, conforme as observações realizadas, em crianças insociáveis e malquistas. Portanto, com problemas acontecendo na escola, na vizinhança.

Em outro grupo, as hostilidades da família se voltavam para dentro, contra si mesma. Dr. Bossard classificou o grupo como os brigões, porque, sem exceção, as refeições se constituíam em torneios de insultos e brigas. Tudo era motivo para acusações mútuas.

Nesse caso, as crianças absorviam o estilo que lhes criava problemas. Mesmo que isso, por vezes, viesse a se revelar depois de já crescidas e casadas, nos novos lares constituídos.

Um grupo de famílias revelou um estilo exibicionista. Num primeiro momento, o observador poderia se deixar encantar pelo brilho de espírito e o bom humor demonstrado por todos. Contudo, aprofundando-se na pesquisa, essas famílias revelaram que todos se portavam como se fossem atores. E cada qual desejava sobrepujar o outro, aparecer mais. Isso redundava em crianças que, onde estivessem, desejavam ser o foco das atenções. Quando assim não acontecia, elas se sentiam desprezadas e repelidas, limitando a sua simpatia e respeito pelos outros.

Mas, afinal, será que nenhuma das famílias tinha bons hábitos de conversação? Claro que sim. Essas foram adjetivadas como portadoras de atitude correta de processo interpretativo. Nesse caso, as pessoas, os acontecimentos, os fatos são comentados pela família de forma tranquila, com dignidade e, até, com senso de humor. As crianças são animadas a participar da conversa e são ouvidas com respeito. A nota dominante, nesse grupo familiar, é a compreensão.

Se, ouvindo ou lendo esta mensagem, você se deu conta de que sua família pertence a um dos grupos de conversação incorreta, não se perturbe. O estilo das conversas pode ser modificado. E pode começar hoje. O primeiro passo é descobrir o estilo dominante e, num esforço conjunto da família, modificar a conversação. Afinal, um grande Mestre disse um dia que o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai dela.

Pensemos nisso. Melhorar o estilo da conversa em família não é garantia absoluta de crianças ajustadas. Mas é um meio seguro de lhes proporcionar melhores oportunidades de uma vida equilibrada, pois o exemplo é forte ingrediente na formação do caráter. Por Marco Aurélio Rocha

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