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29 fevereiro, 2012

Ateísmo, teísmo e fanatismo

Um documentário feito por alunos de Comunicação Social numa Universidade do Rio Grande do Sul, defende o direito dos ateus e fala sobre a discriminação sofrida por eles. Abaixo, uma reflexão que fiz a partir desse vídeo!

A mais recente vitimização social é a dos ateus – declaram-se perseguidos, incompreendidos e discriminados. Em primeiro lugar, quero deixar claro, que reconheço a legitimidade do ateísmo e obviamente advogo o direito de cada um crer ou descrer, da maneira que lhe aprouver, pois nada há de mais sagrado do que a liberdade de pensamento.
 
Entretanto, um dos trabalhos a que me dedico é o do diálogo inter-religioso e, poderia então acrescentar, o diálogo entre religiosos e não-religiosos… Afinal, o eixo para uma sociedade mais justa, plural e fraterna, está na convivência pacífica e respeitosa entre diversos pontos de vista. Nesse sentido, portanto, temos que analisar o que nos afasta e o que nos aproxima do diálogo, e isso deve ser feito por todos os interlocutores.
 
Antes de mais nada, um diálogo tem que ser honesto – o que chamo de honesto inclui não fazer generalizações simplistas. Por exemplo: religiosos dizerem que ateus não têm moral. Ou, do outro lado, ateus se referirem a Deus numa generalização pobre de seu conceito.
 
Explico-me: o que esses ateus do vídeo acima estão combatendo (ou dizem descrer) é um deusinho bem vulgar, antropomórfico, que anda pulando na boca de pastores fanáticos. Não é de jeito nenhum o Deus de Platão, Aristóteles – que eram pagãos. Não é o Deus de Avicena – que era islâmico, nem de Maimonides, judeu. Não é nem mesmo o Deus de São Tomás de Aquino, cuja doutrina é oficial da Igreja Católica. É o deus dos inquisidores, mas não é o Deus de Giordano Bruno, que foi queimado pela Inquisição, mas aceitava um Deus cósmico, infinito.
 
O primeiro grande engano é considerar que Deus é apenas um assunto de religião. Desde antes do advento do cristianismo, e mesmo muito tempo depois da laicização da sociedade, Deus sempre foi um tema recorrente na filosofia. Descartes, Spinoza, Leibniz – mais recentemente, Bergson, Buber ou Scheler, têm concepções de Deus diferentes entre si e muito distantes desse deusinho punitivo, vingador, que manda os ateus para o inferno, esse deusinho que pregam os seguidores de um Edir Macedo da vida.
 
O outro grande engano é dizer que a ciência é ateia. A ciência não pode se pronunciar – e nem se pronuncia – nem contra, nem a favor de Deus, pois Deus nunca foi seu objeto de estudo e pesquisa. O que há são concepções de universo e de mundo que se afinam ou não com uma dada concepção de Deus. E o que há são cientistas ateus e cientistas não-ateus. Eis tudo. E a ciência moderna, nascida justamente com os grandes astrônomos, Copérnico, Galileu, Kepler, Giornado Bruno, não nasceu ateia, porque esses pensadores consideravam que conhecer o cosmos, estudar as constelações, enxergar a ordem matemática imanente no universo, era uma forma de decifrar Deus, seu projeto cosmológico inteligente e articulado. Há cientistas contemporâneos célebres que também são teístas – veja-se Albert Einstein e Max Planck.
 
Portanto, não dá para discutir Deus honestamente de forma maniqueísta: De um lado: cientistas, filósofos, pensadores progressistas, defensores da liberdade, personalidades “fortes” que não precisam de apoio “sobrenatural” – ATEUS.
 
Do outro lado: religiosos, fanáticos, conservadores, inquisidores, ingênuos, que precisam de uma muleta, que se assemelha ao Papai Noel e ao coelhinho da Páscoa – TEÍSTAS (considerando-se teísta qualquer um que tenha uma concepção de Deus).
 
Assim como não dá para fazer o inverso, demonizar os ateus e santificar os religiosos!
O caso é que a intolerância, o dogmatismo, o patrulhamento ideológico são males humanos, e vicejam nos teísmos, nos ateísmos, em todos os ismos do mundo. Citemos o exemplo de dois autores mencionados no vídeo em questão: Freud e Marx. Os dois, que deram contribuições históricas importantes e algumas delas ainda atuais, eram campeões da intolerância. Freud costumava excomungar violentamente os que se afastavam algum milímetro da ortodoxia psicanalítica. Veja-se o caso de Jung. Marx não era menos autoritário. Bakunin (ateu como Marx, mas um dos líderes do pensamento anarquista) reclama do patrulhamento ideológico a que os anarquistas foram submetidos durante a 2º Internacional. E não podemos nos esquecer o que aconteceu com eles (os anarquistas) na Revolução Soviética – massacrados todos pela intolerância bolchevique.
 
Tibet, Ásia

Com tudo isso, estou apenas querendo demonstrar que se há religiosos fanáticos e intolerantes, há também ateus que agem do mesmo modo. Basta estar no poder. E por falar em poder, devo mencionar a seguir o reduto da intolerância ateia no mundo contemporâneo: o mundo acadêmico. Se na mídia, temos pastores vociferando contra “pessoas sem Deus no coração”, nas universidades, intelectuais que ousam pensar Deus, mesmo de forma filosófica, são estigmatizados e congelados. Eu mesma teria uma série de episódios a narrar, mas não interessa aqui citar nomes e instituições. Poderia falar de concursos, análise de publicações, pareceres sobre livros etc… em que minha posição de espiritualista, teísta, espírita, foram razões explícitas ou implícitas de discriminação e exclusão. 
Ou seja, se entre a população que ovaciona Padre Marcelo e Edir Macedo, há um discurso demonizando ateus, entre a população acadêmica – sobretudo na área de Filosofia (a despeito de filósofos de todos os tempos terem discutido Deus), há uma atitude de ridicularização em relação aos que propõem um conceito teísta de vida. É tão desrespeitoso e dogmático, alguém se arrogar o direito de dizer que outra pessoa vai para o inferno, porque pensa diferente, quanto considerar uma argumentação filosófica séria e honesta a favor da existência de Deus, como uma patacoada imbecil sobre o coelhinho da Páscoa!
 
Aliás, mencionei a intolerância de Marx e Freud e poderia citar a de Nietzsche e de Heidegger, dentro dessa mesma linha de raciocínio. O problema de todos esses autores foi justamente esse (e seu pensamento é ainda predominante na academia): eles não se limitaram a propor uma visão de mundo sem Deus, matar Deus, arrancar Deus da sociedade e do coração humano. 
Eles pretenderam desqualificar qualquer pessoa que tenha uma visão teísta do universo: para Marx, os que acreditam seriam alienados; para Freud, seriam neuróticos (a religião é uma espécie de patologia psíquica); para Nietzsche e Heidegger, seriam seres fracos, que não têm a coragem suficiente de assumir que a vida não tem sentido, que o universo não tem causa… Convenhamos que não é nada favorável ao diálogo e à convivência pacífica com o outro, qualificar-se a sua posição filosófica ou religiosa, como alienação, insanidade, fraqueza de caráter – em suma, burrice!
 
Outro aspecto mencionado no vídeo é a Ética: é possível uma Ética sem Deus? Obviamente que sim. Qualquer pessoa que conheça um pouco de Filosofia sabe que há diversas proposições éticas que não se ancoram num conceito de Absoluto – por exemplo, a ética marxista, a ética utilitarista, o humanismo ateu etc…
 
Mas, daí a dizer que os princípios que esses cidadãos estão defendendo – como fraternidade, igualdade, respeito à vida ou coisa que o valha – não estejam vinculados a nenhuma religião… é um desconhecimento completo de História. Tomemos o conceito de igualdade, por exemplo, esse mesmo defendido pelo marxismo e por todo o ideário dos Direitos Humanos e das Constituições: antes de Jesus, que, para mim não é Deus, mas por acaso também não era ateu, não havia em nenhuma sociedade, em nenhuma filosofia, em nenhuma corrente religiosa, a idéia explícita de igualdade entre todos os seres humanos, independente de religião, casta, raça… Essa igualdade proposta pelo cristianismo (apesar de não praticada por muitos cristãos) deriva de um conceito de filiação divina. Embora no decorrer dos séculos, a idéia tenha sido secularizada e até usada na bandeira da Revolução Francesa, não se pode negar sua raiz cristã. 
Aliás, um ateu honesto como André Comte-Sponville admite que, embora ateu convicto, há uma impossibilidade histórica para ele, de pensar fora da civilização cristã, na qual cresceu e foi educado, e de que carrega os valores intrinsecamente. Então, embora os ateus digam que não, eles podem adotar e praticar valores que estão enraizados sim numa tradição religiosa, de que descendem. É impossível negar a própria origem. Então, melhor é respeitá-la, assim como eles pedem respeito pela sua posição.
 Por Dora Incontri
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ARTE IX

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28 fevereiro, 2012

O terrível custo de não perdoar

 “A pessoa que mais precisamos perdoar é NÓS MESMOS, por que SOMOS NOS QUE ESCOLHEMOS PERMITIR QUE OUTROS NOS MACHUQUEM.”
FOTO - FELIPE IANCHAN

“Não perdoar é visto como um dos mais severos e limitadores problemas da experiência humana.”

Existem custos inevitáveis para nós que estamos presos no não perdoar. Todos estes custos estão em operação, continuamente, em cada não perdoar não importa se nos o reconheçamos conscientemente ou não. Estas consequências acontecem com todos, toda vez que somos apanhados por alguma situação que não resolvemos e não perdoamos. 

Todos nos pagamos este alto custo nas nossas vidas repetidas vezes. Nós provavelmente ainda pagamos em muitas áreas da nossa psique e do nosso espírito que precisam de cura. Considere estas como consequências do julgamento, da critica e do não perdão.

1. Nós continuamos a sentir a dor psicológica da ofensa recebida.
2. Nós bloqueamos uma comunicação saudável e a potencial reconciliação
com o “ofensor”.
3. Nós recebemos ofensas similares por outros que lembram-nos o ofensor.
4. Nós atraímos situações similares, pessoas e insultos para nós.
5. Nós entregamos o nosso poder pessoal para outros determinarem como nos sentimos e respondemos(de fato, nos “reagimos”) em situações similares.
6. Nós nos rendemos incapazes de realmente, conhecer e aprender a verdade sobre o evento que “danificou” o relacionamento.
7. Nós adicionamos negatividade tóxica nos relacionamento presentes.
8. Nos isolamos/prevenimos/evitamos/limitamos nós mesmos de termos novos relacionamentos, mais saudáveis e mais satisfatórios.
9. Nos tornamos vulneráveis, maliciosos, ressentidos e amargos.
10. Nos desrespeitamos, destruímos e depreciamos a nós mesmos em níveis profundos da nossa mente.
11. Nos bloqueamos espiritualmente de receber ajuda e cura do Fonte Superior.
12. Nosso espírito e alma contraem (paralisam) mais e mais.

Certamente muito mais pode ser adicionado a esta lista. Ainda muitos de nós tem algumas destas atitudes queimando no fundo de nossas mentes subconscientes.
Tomando uma atitude de superioridade com a intenção de causar mal ou perda para alguém, incluindo a si próprio, é um problema espiritual maior, bem como psicológico. Considere isto. 
Quando eu assumo uma posição julgadora, critica, punitiva, vingativa ou de rejeição contra alguém, incluindo a mim mesmo, o que eu estou fazendo espiritualmente ?

Bem eu estou brincando de Deus !
 
Eu estou me colocando como juiz, júri e executor.
Eu estou,consequentemente, violando o Primeiro Mandamento! Isto significa que Deus não pode sequer me ajudar com o meu dilema de Não Perdoar. Eu estou por conta própria com meu sofrimento e o terrível custo do meu próprio não perdoar.

Se você olhar para esta violação da perspectiva religiosa ou filosófica, ou não, ela ainda ferve fazendo-me o centro do poder e o centro do universo. Esta é uma posição muito perigosa para estar por que nenhum de nós tem este poder ou autoridade em nós.
Isto é reservado para nosso Poder Superior. Logo, esta é uma batalha perdida para nós com todos os custos descritos acima.

O maravilhoso pagamento de trabalhar o não perdoar é que você pode erradicar todo o terrível custo! Perdoar todos e desfrutar as benções da nova e maravilhosa liberdade que você tem!
Postado por Flávia Ferreira, texto do blogue:Espirita online
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19 fevereiro, 2012

Os Exilados de Capela

TRIBUNAL  DE OSÍRIS

Introdução - Livro:  A Caminho da Luz - 
Enquanto as penosas transições do século XX se anunciam ao tinido sinistro das armas, as forças espirituais se reúnem para as grandes reconstruções do porvir.
Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo, e natural é que recordemos o ascendente místico de todas as civilizações que surgiram e desapareceram, evocando os grandes períodos evolutivos da Humanidade, com as suas misérias e com os seus esplendores, para afirmar as realidades espirituais acima de todos os fenômenos transitórios da matéria.


Esse esforço de síntese será o da fé reclamando a sua posição em face da ciência dos homens, e ante as religiões da separatividade, como a bússola da verdadeira sabedoria.
Diante dos nossos olhos de espírito passam os fantasmas das civilizações mortas, como se permanecêssemos diante de um "écran" maravilhoso. As almas mudam a indumentária carnal, no curso incessante dos séculos; constróem o edifício milenário da evolução humana com as suas lágrimas e sofrimentos, e até nossos ouvidos chegam os ecos dolorosos de suas aflições. Passam as primeiras organizações do homem e passam as suas grandes cidades, transformadas em ossuários silenciosos.

O tempo, como patrimônio divino do espírito, renova as inquietações e angústias de cada século, no sentido de aclarar o caminho das experiências humanas. Passam as raças e as gerações, as línguas e os povos, os países e as fronteiras, as ciências e as religiões. Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso.
Estabelece-se, então, a ordem equilibrando todos os fenômenos e movimentos do edifício planetário, vitalizando os laços eternos que reúnem a sua grande família.
Vê-se, então, o fio inquebrantável que sustenta os séculos das experiências terrestres, reunindo-as, harmoniosamente, umas às outras, a fim de que constituam o tesouro imortal da alma humana em sua gloriosa ascensão para o Infinito.
 
As raças são substituídas pelas almas e as gerações constituem fases do seu aprendizado e aproveitamento;as línguas são formas de expressão, caminhando para a expressão única da fraternidade e do amor, e os povos são os membros dispersos de uma grande família trabalhando para o estabelecimento definitivo de sua comunidade universal.
Seus filhos mais eminentes, no plano dos valores espirituais, são agraciados pela Justiça Suprema, que legisla no Alto para todos os mundos do Universo, e podem visitar as outras pátrias siderais, regressando ao orbe, no esforço abençoado de missões regeneradoras dentro das igrejas e das academias terrenas.
 
Na tela mágica dos nossos estudos, destacam-se esses missionários que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensão das almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, encadeando o trabalho das civilizações, e, mais acima, ofuscando o "écran" das nossas observações e dos nossos estudos, vemos a fonte de extraordinária luz, de onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades.
Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.
 
Passaram as gerações de todos os tempos, com as suas inquietações e angústias. As guerras ensangüentaram o roteiro dos povos nas suas peregrinações incessantes para o conhecimento superior.
Caíram os tronos dos reis e esfacelaram-se coroas milenárias. Os príncipes do mundo voltaram ao teatro de sua vaidade orgulhosa, no indumento humilde dos escravos, e, em vão, os ditadores conclamaram, e conclamam ainda, os povos da Terra, para o morticínio e para a destruição.
O determinismo do amor e do bem é a lei de todo o Universo e a alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor.
 
Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo universal.
Ele é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia.
Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.
Enquanto falamos da missão do século XX, contemplando os ditadores da atualidade, que se arvoram em verdugos das multidões, cumpre-nos voltar os olhos súplices para a infinita misericórdia do Senhor, implorando-lhe paz e amor para todos os corações.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

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15 fevereiro, 2012

O Silêncio das Religiões

Vivemos uma época de paradoxos: nunca se falou tanto em paz, mas nunca se ensinou tanto a guerra, a grosseria, a brutalidade, a violência. Como é possível criar uma sociedade pacífica, serena, nos modelos ensinados por Jesus, por Buda, por Francisco de Assis, por Gandhi, se desde a infância a criatura humana é submetida a um aprendizado de violência por meio audiovisual em cores no cinema e no lar?

Observem-se os desenhos animados, plenos de exemplos de brutalidade, de destruição, de desrespeito às coisas e à vida, que são apresentados às crianças na televisão e na internet. As cenas se sucedem, mostrando seres disformes, monstruosos, criaturas que se combatem e se destroem de modo espetacular, arruinando tudo o que está ao seu redor, através de socos, pancadas, raios, explosões.


Pergunta-se como ensinar à criança a paz, a tranquilidade, o respeito às coisas e às criaturas, se lhe são apresentados exemplos que a induzem exatamente ao contrário? O resultado dessa sementeira de brutalidade e desumanização é visto todos os dias nas estatísticas, que apresentam o crescente número de desavenças, de agressões e de mortes.


Como será possível a uma criança chegar à condição de adulto sem tornar-se consumidora de alcoólicos, se a televisão faz uma pregação insistente sobre o prazer de consumi-los, em todos os horários, dentro dos lares, usando como pano de fundo a euforia do futebol, a alegria do convívio humano?

Nesse particular, evidencia-se o imenso poder dos produtores de bebidas alcoólicas, que não só conseguiram manter sua propaganda na mídia, como ganharam o espaço anteriormente usado pelos produtores de cigarros.


A batalha contra o fumo foi vitoriosa, colocando o Brasil bem à frente de países mais desenvolvidos. Entretanto, o fumo é bem menos lesivo à sociedade do que o álcool. O dano produzido pelo fumo se restringe quase que só ao seu usuário, enquanto que o do álcool é capaz de destruir uma família inteira.


Por que não regulamentar a propaganda, a venda e o uso de alcoólicos como se fez com o fumo? Mas apesar de o uso do álcool ser muito mais danoso que o do fumo, não há legislação que obrigue os fabricantes de bebidas alcoólicas colocarem, nos seus produtos, avisos quanto aos malefícios do seu uso, conforme é exigido nas embalagens de cigarros.


E, por falarmos em propaganda danosa, o que dizer quanto à licenciosidade sexual, o que dizer sobre as aulas de prostituição que entram nos lares, em todos os horários? As cenas de intimidade vividas por casais são apresentadas em novelas exibidas à tarde e à noite.
 

Alguns programas são apresentados em horário mais avançado, dado o nível de sensualidade que apresentam, mas as suas chamadas, os seus anúncios são feitos em todos os momentos.

Há programas que não apenas são atentatórios aos bons costumes, à moral, à ética, mas à própria dignidade humana, onde se evidencia não só a licenciosidade, mas também a ausência de pudor, de senso de privacidade, este, um dos atributos que distingue o ser humano do restante da criação.


Há programas humorísticos que pregam abertamente a promiscuidade, o desrespeito, o deboche, o uso do palavrão. O aviltamento da mulher se tornou tão comum que é olhado pelo viés humorístico. Há flagrante apoio à mulher leviana, despudorada, em detrimento da nobre figura da mulher esposa, da mulher-mãe.


Mas, afinal, vivemos num país que se diz cristão. Será que o Cristianismo é para ser vivenciado apenas no interior das comunidades religiosas? Será que se deveriam isolar do mundo aqueles que não desejam compactuar com esse estado de coisas, ou lutar para que o mundo se torne compatível com os ensinamentos do Cristo?

Se aqueles que desejam manter uma vida equilibrada, respeitosa, pretenderem afastar-se do convívio com a sociedade, como interpretariam a recomendação de Jesus, registrada por dois evangelistas: "Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos (...)" (Mateus 10:16) e "Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos." (Lucas 10:3)?


Diante da recomendação de Jesus, não devemos criar ilhas onde se viva cristãmente, mas devemos trabalhar no sentido de cristianizar todos os lugares. Como nos sentiríamos se, subitamente, aparecesse Jesus ao nosso lado, quando nossas crianças estão vendo certos desenhos, ou estamos assistindo a algumas dessas novelas, desses filmes ou algum desses programas?


E o que estão fazendo as religiões no sentido de despertar as criaturas para uma mudança de atitude, a fim de que assumam sua real posição diante do Cristo? Será que o papel das religiões é levar seus fiéis a pensarem em Deus, ouvindo enternecidamente comentários sobre os ensinamentos de Jesus, somente no interior dos templos, em momentos sagrados?


Mas Jesus nunca separou a vida em momentos sagrados e momentos profanos. De acordo com os Seus ensinos, os princípios éticos e morais devem permear todos os atos da vida, em todos os ambientes. Portanto, é premente a necessidade de se despertar o homem para o esforço de proceder de conformidade com esses ensinamentos, em todas as circunstâncias da vida, conforme Ele ensinou e exemplificou.


Logo, as religiões devem esclarecer o homem no sentido de não esperar o Céu depois da morte, mas de construí-lo aqui, em todos os ambientes, principalmente dentro de si mesmo, desde agora. E como estamos procedendo nós, espíritas, nesse cenário caótico em que vivemos?


As casas espíritas estão promovendo reflexões sérias que nos levem a nos situarmos na vida como Espíritos imortais temporariamente encarnados? Estamos tendo oportunidade de avaliação das propostas da televisão, do cinema, do teatro, da literatura ante nosso futuro no Mundo Espiritual?


Lembremo-nos de que, se o Espiritismo não nos atemoriza com o Inferno, também não nos oferece um Céu conquistado sem esforço no Bem.


A verdade é que também nós estamos um tanto acomodados diante do panorama atual, pois raras vozes se erguem para denunciar esse tremendo antagonismo entre o que nos oferece a mídia, e as diretrizes de conduta ensinadas no Evangelho.


Portanto, diante dessa ruína moral que se vê na atualidade, é de se perguntar onde estão as vozes dos condutores de almas, onde estão as vozes das religiões que silenciam diante de tanta ignomínia? Será que aguardam a volta de João Batista?
 
Por José Passini – oconsolador.com.br
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13 fevereiro, 2012

Dia-a-dia

Malauí, África Oriental
Nas dificuldades do dia-a-dia, esqueça os contratempos e siga em frente, recordando que Deus esculpiu em cada um de nós a faculdade de resolver os nossos próprios problemas.
                                 — o —

 
A vida é aquilo que você deseja diariamente.
                                — o —
A renovação autêntica tem de começar em nós mesmos.
                                 — o —
Você prepara o caminho de quaisquer ocorrências pensando em tomo delas.
                                — o —
A palavra é porta de entrada para as suas realizações.
                                — o —
Carregar ressentimentos será bloquear os seus próprios recursos.
Encolerizar-se é dinamitar o seu próprio trabalho.
                                — o —
Não sofra hoje pela neurose que talvez lhe venha comprovar a compreensão e a resistência, em futuro remoto.
                              — o —
Os problemas existirão sempre ao redor de nós e apesar de nós.
                              — o —
Olvide ofensas e desgostos, tribulações e sombras e continue trabalhando quanto puder no bem de todos, recordando que o tópico mais importante de seu caminho será sempre servir.

Redação.
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12 fevereiro, 2012

Inconveniente e Perigos da Mediunidade

Fizemos, em nossa página do Facebook, algumas considerações sobre a mediunidade:

- Reunião mediúnica aberta ao público: caminho para obsessão.
- Espírito Protetor dando bronca: mistificação.
- A evocação é perigosa: mentira.
- Bater a mão direita para identificar um bom Espírito: estupidez.
- Depois de um mau Espírito se comunicar, precisa ter a comunicação de um bom, para “limpar o aparelho mediúnico”: ignorância.
- A finalidade de um grupo mediúnico é a doutrinação dos Espíritos: estreiteza de pensamentos.
- Todos os médiuns precisam dar comunicação: indisciplina.
- O “guia” comunica-se por mais de 30 minutos, falando sobre a mesma coisa: fascinação.
- Não devemos interrogar os Espíritos: medo.

Alguns comentários me vieram de outros pontos, afirmando que tais considerações são inapropriadas e que devem ser revistas.
Ok, então para que não vejam meus comentários como pensamento particular, vamos citar as fontes:
  • Segundo Allan Kardec, reuniões mediúnicas não devem JAMAIS ser abertas ao público.
Livro dos Médiuns, cap. 28, item 308: “A faculdade mediúnica, mesmo limitada às manifestações físicas, não foi dada para ser exibida sobre os palcos, e qualquer pessoa que pretenda ter às suas ordens Espíritos para exibi-los em público pode com razão ser suspeita de charlatanismo ou de ilusionismo mais ou menos hábil”.
Ainda em O Livro dos Médiuns, cap. 30, tópico 3, artigo 17: “As sessões são particulares ou gerais; jamais são públicas”.
E no cap. 29, item 331 e 332, Kardec ensina que: “Toda reunião espírita deve, pois, tender à maior homogeneidade possível (…) Como a concentração e a comunhão dos pensamentos são as condições essenciais de toda reunião séria, compreende-se que um grande número de assistentes é um obstáculo contrário à homogeneidade”.
  • Segundo Allan Kardec, os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem; NÃO DÃO ORDENS, sugerem e se não são ouvidos, SE AFASTAM. Assim sendo, “broncas” não podem provir de um bom Espírito, seja qual for o nome pelo qual se manifeste, pois que os bons Espíritos respeitam nosso livre-arbítrio. Vejamos o que ensina Allan Kardec a respeito.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 16 e 17:
“16º) reconhecem-se também os bons Espíritos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que envolvem perigos ou suspeitas; repugna- lhes revelar o mal. Os Espíritos levianos ou malevolentes se comprazem em o fazer sobressair. Enquanto os bons procuram suavizar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e provocam a discórdia por meio de insinuações enganadoras, falsas”.
“17º) os bons Espíritos prescrevem apenas o bem. Todo ensinamento ou conselho que não está estritamente conforme a pura caridade evangélica não pode ser obra dos bons Espíritos”.

  • Segundo Allan Kardec, NÃO EVOCAR É UM ERRO.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 169: “Algumas pessoas pensam que não se deve evocar este ou aquele Espírito e que é preferível esperar que queiram se comunicar. Baseiam-se nessa opinião os que pensam que, ao se chamar um Espírito determinado, não se pode ter certeza de que seja ele que se apresenta, enquanto o que vem espontaneamente e por vontade própria prova melhor sua identidade, uma vez que assim anuncia o desejo que tem de se comunicar conosco. Em nossa opinião, é um erro; primeiramente, porque há sempre ao redor de nós Espíritos que na maioria das vezes estão em condições inferiores e que não querem outra coisa senão se comunicar; depois, não chamar nenhum em particular é abrir a porta a todos os que querem entrar”.

  • Segundo Allan Kardec, a “limpeza” de fluidos não existe; o que existe é a troca de um mal fluido por um bom, além do que o fluido em si é neutro, não sendo nem bom nem mau, não havendo, portanto, o que “limpar”. Limpamos aquilo que se suja, e o fluido não é suscetível de se sujar.
A Gênese, cap. 14, item 17: “Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa”.

  • Segundo Allan Kardec, a finalidade de um grupo mediúnico não é o da doutrinação dos Espíritos, mas sim o estudo e o aprendizado do Espiritismo. Se assim o fosse, pobres Espíritos, que precisaram esperar a Codificação do Espiritismo e o surgimento de grupos de desobsessão, que praticamente só existem, com esta finalidade, há 150 anos mais ou menos.
Livro dos Médiuns, cap. 29, itens 324 em diante: “As reuniões espíritas têm caracteres bastante diferentes, segundo o objetivo a que se propõem e sua condição de ser; por isso mesmo também podem diferir. De acordo com sua natureza, podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas”. (porque Kardec não cita nada a respeito de doutrinação, orientação aos Espíritos, desobsessão? Não é para se pensar?).
Ainda nos mesmos itens:
“As reuniões frívolas, fúteis, são feitas por pessoas que veem apenas o lado divertido das manifestações, que se divertem com os gracejos dos Espíritos levianos, por seu lado muito interessados por essa espécie de assembleia, onde têm toda liberdade de se manifestar e às quais não faltam”. (reuniões abertas ao público estão repletas de pessoas assim).
“As reuniões experimentais têm por objeto a produção das manifestações de efeitos físicos. Para muitas pessoas, é um espetáculo mais curioso do que instrutivo.” (Embora efeitos físicos em si não sejam mais trabalhados em atividades mediúnicas atuais, vemos fenômenos de outras espécies que não deixam a desejar em se tratando de presenciar cenas espirituais, como a manifestação de maus Espíritos que brigam, revoltam-se, batem na mesa, ameaçam e acabam por receber a doutrinação; é todo um espetáculo, embora desenvolvido com a aparência esperada por todos. Não são todos os grupos, pois há os muito sérios, mas muitos os que fazem mediunidade mais para ver manifestações do que para servir a um bem maior).
“As reuniões instrutivas têm outro caráter e, como é delas que se pode absorver o verdadeiro ensinamento, insistiremos especificamente sobre as condições em que devem se realizar. (…) Uma reunião séria se afasta de seu objetivo se troca o ensinamento pelo divertimento. (…) Os que querem compreender buscam as reuniões de estudo; é assim que tanto uns quanto outros poderão completar sua instrução espírita, assim como no estudo da medicina uns vão à sala de aula, e outros, à clínica.”
Como podemos observar Kardec não fala nada sobre doutrinar Espíritos. Embora isso possa ocorrer, com seriedade e objetivos ao bem, não é o foco nem a proposta de uma reunião mediúnica.
  • Segundo Allan Kardec, deixar a Espiritualidade manifestar-se SOMENTE de forma espontânea, é abrir a porta a todos os que querem entrar; não chamar nenhum em particular é dar a palavra a todos.
Livro dos Médiuns, cap. 25, 269: “Numa assembleia, não dar a palavra a ninguém é deixá-la para todos, e sabe-se o que resulta disso. O chamado direto a um Espírito determinado é um laço entre ele e nós; nós o chamamos por nosso desejo e opomos assim uma espécie de barreira aos intrusos. Sem um chamado direto, um Espírito muitas vezes não teria nenhum motivo para vir até nós, a não ser o nosso Espírito familiar”.
  • Segundo Allan Kardec, comunicações de Espíritos que possuem uma linguagem prolixa, não pode provir de um bom Espírito, quando esse se identifica como tal.
Livro dos Médiuns, cap. 24, 263: “Julgam-se os Espíritos, já dissemos, como se julgam os homens: pela sua linguagem”.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 267, 9º: “Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade; sem ser cansativo, seu estilo é objetivo, sem excluir a beleza das idéias e das expressões, claro, inteligível para todos e não exige esforço para ser compreendido; possuem a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque dão a cada palavra o seu exato sentido. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a presunção e a ênfase o vazio de seus pensamentos. Sua linguagem é muitas vezes pretensiosa, ridícula ou obscura por querer parecer profunda”.

  • Não é a INTENÇÃO, mas a LINGUAGEM que deve ser analisada, Segundo Allan Kardec.
Livro dos Médiuns, cap. 24, item 268:
“Pergunta 15º) Para não ser enganado, basta ter boas intenções? E os homens perfeitamente sérios, que não misturam aos seus estudos nenhum sentimento de vã curiosidade, podem também ser enganados?
“Menos do que os outros; mas o homem tem sempre alguns defeitos que atraem os Espíritos zombeteiros. O homem se acredita forte e muitas vezes não o é. Deve, portanto, desconfiar da fraqueza que nasce do orgulho e dos preconceitos. Não se dá atenção a essas duas causas das quais os Espíritos se aproveitam; ao lisonjear as manias esses Espíritos estão seguros de triunfar.”

No entanto, cada um faz aquilo que acha certo, e assim vemos o Espiritualismo fazendo-se passar por Espiritismo, dentro das casas que propõe o estudo deste último. 
Por André Ariovaldo
"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

11 fevereiro, 2012

ARTE VIII


"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec
"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

08 fevereiro, 2012

Conclusões lógicas


Las Palenqueras, Cartagena, Colômbia

Não se renda à tentação.
Entre aquilo que você quer e aquilo que você pode, fique com aquilo que você deve fazer.

Não se aflija diante dos obstáculos.

Existem problemas que pedem tempo a fim de serem eficientemente resolvidos, de modo a não ocasionarem problemas maiores.

Não se precipite em suas decisões.

Se você não sabe que rumo tomar é sinal que todas as suas possibilidades de seguir adiante necessitam ser revistas.

Não critique ninguém.

Todas as pessoas, qual acontece a você, trazem Deus dentro de si.

Não te entregue ao desalento.

O seu desânimo, no que pesem as justificativas que você tenha para ele, não o auxiliará em absolutamente nada.

Não guarde ressentimento no coração.

A mágoa que você nutra a respeito de alguém será sempre o melhor processo de lembrar quem você deseja esquecer.

Não pare de trabalhar.

No serviço do bem aos semelhantes você encontrará, com o sábio concurso do tempo, a solução natural para todas as questões que o perturbam.

Não reclame da cruz que carrega.

Sem ela, é provável que você não tivesse no que se apoiar para, embora a passos lentos, avançar com segurança.

* * *


André Luiz - Psicografia de Carlos A. Baccelli.

Do livro “Irmãos do Caminho”
“Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

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