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29 abril, 2012

ARTE XII


“Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

13 abril, 2012

Negozinho, o fabricante de sonhos

Caía a noite e os vagalumes já enfeitavam a negritude da paisagem com suas piscadelas esverdeadas, como a espelhar as estrelas cintilantes do céu da primavera. O grande galpão do velho engenho de farinha achava-se iluminado por lamparinas e candeeiros, pendurados nas toscas paredes de pau-a-pique. 

Das chamas avermelhadas brotavam grossos rolos de fumaça escura do querosene queimado, que grudavam no teto de telhas de barro e caibros de madeira bruta, engrossando os flocos negros de picumã. A canaleta de escoamento da água de mandioca emanava um cheiro acre que invadia o recinto. A água provinha da massa prensada em volumosos tipitis (balaios feitos de palha), espremidos em prensas de madeira feitas à mão. 
A cada volta que o prenseiro dava no enorme fuso de madeira, mais água escoava pela canaleta, indo desembocar numa vala aberta na lateral da construção. Nessa vala pululavam os tapurus, alimentados pela goma de mandioca decantada, originando o forte odor azedo.
      
Um enorme monte de mandioca, que fora transportado por carros de boi durante o dia, aguardava no centro do salão pelos trabalhadores encarregados da raspagem. Esses se acomodavam no entorno do monte, munidos de suas faquinhas e canivetes, uns agachados, outros sentados em cepos de madeira ou no chão de barro socado. A maioria dos raspadores era composta de senhoras, pois seus maridos descansavam durante à noite para o trabalho duro da colheita no dia seguinte. Velhos e crianças também participavam da tarefa, já que não suportavam o trabalho mais pesado.
      
No grande terreiro ao lado do engenho, brincavam as crianças menores, iluminadas unicamente pela luz das estrelas e pela lua que começava a despontar no horizonte.
      
O trabalho já havia começado em meio aos burburinhos provocados pelos trabalhadores e a criançada que brincava alegremente, quando alguém indaga em tom mais alto:
      Gente! Onde está Negozinho? Será que ele não vem hoje?
      Não sei não! – fala a velha Filomena – Ele está atacado do reumatismo e é capaz de não vir...
      B'as noite! - interrompeu-lhe a fala uma ecoante voz vinda do enorme vão sem porta que havia na parede frontal do galpão. Era Negozinho, um velhinho franzino e já bem encurvado pelo peso da idade, exibindo sempre generosos sorrisos que lhe expunham os poucos dentes, teimosos  em permanecer na boca murcha e franzida pelo tempo. Como era de costume, contaminava o ambiente com o seu bom humor, apertando a mão de cada um e dando a  bênção aos que lhe solicitavam – hábito comum no interior. Tomou o seu lugar entre os trabalhadores, sacou sua faquinha gasta e iniciou sua tarefa em completo silêncio.
      
Tempos depois, dona Beata pergunta:
      Como é Negozinho? Não vai contar uma história hoje?
      Não dona Beata, hoje não posso. Tenho que adiantar o trabalho. Alice, minha mulher, está precisando de um vestido novo para a Festa da Cruz. Preciso juntar dinheiro para comprar um corte de chita.
      Conta, Negozinho! - Pedem todos, quase em uníssono.
     O velho decide contar a história, após relutar um pouco, pois precisava trabalhar e o serviço era remunerado pela quantidade de “jacás” (balaios feitos de cipós) cheios de mandiocas raspadas. As crianças que brincavam no terreiro, já tinham como atração certa as histórias  de Negozinho. 

Aproximaram-se em correria e sentaram-se ao redor do ancião que preparava-se, como se meditasse, para a narrativa infantil.
     – Era uma vez... - Assim começava sua história e a cada palavra que emitia podia-se observar os brilhantes olhos atentos da criançada. O tema era sempre variado – não repetia um conto mesmo que pedissem. Por sua boca desfilavam figuras conhecidas do folclore brasileiro e as clássicas fábulas infantis, como  “A Formiga e a Cigarra”, “A Lebre e a Tartaruga”, “João e Maria” e tantas outras. Todas com o seu colorido particular, repleto de interjeições e gesticulações próprias.
      
Terminada a seção infantil, os donos do engenho serviam um costumeiro lanche com café de caldo de cana, leite quente e batata doce cozida. Após comerem fartamente, as crianças menores punham-se a dormir em esteiras dispostas ao redor dos trabalhadores – critério necessário para que Negozinho contasse a história para os adultos. É bem verdade que alguns fingiam dormir, pois desejavam ouvir também a narrativa seguinte, mas se descobertos...
     
Os temas também eram variados: Mistério, suspense, terror e romances. Sempre uma história nova, mas todas interessantíssimas! Recriou dragões, construiu castelos, despertou princesas, narrou catástrofes, enfim, cada sonho que criava entretia as pessoas e suavizava as duras horas do trabalho que tinham pela frente. Divertia-se por vezes estimulando o medo em alguns. Muitos não retornavam para suas casas antes de raiar o dia, temendo encontrar alguns dos fantasmas de Negozinho!
    
 Antes mesmo do nascer do sol, o monte de mandioca dava lugar a um monte de raspas e curueraque serviria posteriormente de comida aos porcos e galinhas. Os trabalhadores retornavam às suas casas comentando as histórias que ouviram, mas com a certeza de que na noite seguinte ouviriam outras. Sempre uma diferente a cada noite, enquanto durasse o preparo da farinha. Todos computavam felizes o total a receber no final da semana, pois conseguiam produzir bastante ouvindo histórias interessantes que faziam o tempo passar sem que percebessem. Somente Negozinho não conseguia atingir a sua meta, pois produzia menos uma vez que perdia muito tempo contando as histórias, além da lentidão natural que a velhice lhe imprimia.
     
 Mais uma vez Alice teria que ir à Festa da Cruz com o seu vestido surrado. Mas não fazia mal – Ele também retornava feliz, pois tinha cumprido o seu papel e se sentia útil para aquela comunidade. Seu dever estava cumprido!

O mais curioso disso tudo é que jamais ouvira falar de La Fontaine, Esopo, Malba Tahan ou qualquer outro autor literário. Era completamente analfabeto. Havia na região pouquíssimas pessoas que sabiam ler, mas ninguém tinha o hábito da leitura. Ninguém possuía sequer rádio! Questionado quanto à origem do seu repertório, dizia com um risinho irônico:
      Um anjo me contou...
      
Hoje Negozinho já não se encontra entre nós. Talvez esteja animando outras instâncias, numa eternidade que é certa. Deixou saudades em todos que o conheceram, mas o seu legado mais importante é a lição de que temos que dividir com as pessoas as coisas que sabemos. Podemos ser úteis a cada instante – basta a vontade de ajudar sem pedir nada em troca. A Verdadeira caridade, conforme pregou Jesus, não é dar o que nos sobra, mas sim parte do que temos e que nos é útil. Negozinho vivia o evangelho a cada dia, pois em detrimento do próprio salário, doava parte do seu tempo ao seu próximo, na difícil tarefa de criar sonhos nos corações tão enrijecidos pela vida dura que o trabalho no campo lhes impunha desde a infância.
      Que o bom Deus sempre o ampare, Negozinho, o fabricante de sonhos!

                                           Paulo Jorge
                         http://www.paulojorge.net.br/palestras
                     (Cabo Frio, 25 de novembro de 2005)
"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

08 abril, 2012

Um tanto mais

Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo
auxílio recebereis da Vida Mais Alta.

Bezerra de Menezes



"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

07 abril, 2012

La vigencia de los curanderos en América Latina, siglo XXI

La vigencia de los curanderos en América Latina, siglo XXI

Viernes, 30 de marzo de 2012-BBC Mundo


Los doctores que trataron al expresidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaron esta semana que su cáncer de laringe había desaparecido completamente. Pero, además del tratamiento convencional, trascendió que el exmandatario también acudió a un médium.
Se trata de João Teixeira de Faria, un brasileño conocido como João de Deus, que apenas sabe leer o escribir pero que ganó fama local e internacional como "cirujano espiritual", informó el diario O Estado de Sao Paulo.
El periódico recordó que Lula buscó "sanar su alma" con ese médium al mismo tiempo que recibió la atención de los mejores médicos de Brasil para librarse de la enfermedad que le diagnosticaron hace cuatro meses.
A pesar de la falta de estudios cuantitativos, algunos especialistas creen que el dato de Lula es sólo la punta del iceberg de un fenómeno que va en aumento en Brasil y en otros países de Latinoamérica.

"Está aumentando porque está habiendo más oferta, que crea la demanda", explicó Antonio Pierucci, un profesor de sociología de la Universidad de Sao Paulo especializado en religión, a BBC Mundo.

"Con lo que haya"

La noticia del médium de Lula cuestionó la idea que muchos tienen de que ese tipo de servicios son utilizados sobre todo por personas sin recursos o posibilidades de atenderse con médicos.
"Cuando hay incertidumbre biomédica, las diferencias sociales y educativas tienden a desvanecerse"
Diego Armus, historiador argentino Pierucci indicó que, a diferencia de la religión umbanda asociada a las clases bajas, el espiritismo surgido del francés Allan Kardec tiene en Brasil adeptos de clases media-alta desde que llegó al país en el siglo XIX.
Se estima que Brasil es la nación del mundo con más seguidores de la doctrina de Kardec: 2,3 millones según el censo del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE) del año 2000.

Pero los servicios de "curación" de los médiums son solicitados incluso por gente de otras religiones, a menudo en situación desesperada.

"Cuando hay incertidumbre biomédica, las diferencias sociales y educativas tienden a desvanecerse", dijo Diego Armus, un historiador argentino autor del libro "Entre médicos y curanderos - Cultura, historia y enfermedad en la América Latina moderna".

"El rico o el poderoso, en este caso Lula, va a probar con lo que haya si el médico de un hospital no le está dando certeza", agregó en diálogo con BBC Mundo.

"Explosión de la oferta"

Lula da Silva con Fernado Henrique Cardoso
El expresidente brasileño Lula da Silva acudió a un médium además de tratar su enfermedad con médicos tradicionales.
Armus indicó que la "medicina no oficial" tuvo presencia en la región en todo el siglo XX y, además de Brasil, tiene fuerza en México, Centroamérica y los países andinos, por su diversidad étnica y cultural.
Pero Sergio Isaza Villa, presidente de la Federación Médica Colombiana (FMC), advirtió que el fenómeno ha adquirido una dimensión nueva ante lo que define como "permisividad de los gobiernos" y falta de control a la publicidad de algunos servicios.

"Hay una explosión de la oferta en nuestros países", le dijo a BBC Mundo. "La explosión aquí en Colombia es salvaje (…) Usted vea cualquier canal de televisión de siete a nueve de la mañana y verá que le venden todo tipo de servicios, desde brujerías hasta cosas energéticas".

Isaza Villa recordó que en toda Colombia se supo que el propio expresidente Álvaro Uribe tomaba gotas de "esencias florales" y recibía asistencia de un consejero "bioenergético" mientras ejercía el poder.

Según el médico, es necesario diferenciar las culturas y medicinas tradicionales de grupos étnicos específicos -que dijo respetar- del "manejo comercial inmisericorde" que se hace para vender masivamente productos y servicios con promesas curativas.

Agregó que la FMC abrirá una línea de investigación "para contrarrestar el efecto de ese tipo de cosas", aunque dijo que a menudo la medicina está en inferioridad de recursos ante ese desafío multimillonario.

"Efectos muy malos"

"Hay personas que abandonan el tratamiento médico convencional y buscan una terapia alternativa: infelizmente eso puede tener efectos muy malos"
Alexander Moreira-Almeida, profesor de psiquiatría de la Universidad Federal de Juiz de Fora. 
Algunos médiums como João de Deus niegan que su trabajo sea reemplazar a la medicina y aseguran que alientan a quienes los visitan a seguir el tratamiento que le haya sido indicado por un profesional.
"Los médicos tienen una misión de curar también y estudiaron para eso", le dijo el "cirujano espiritual" de Lula a O Estado de Sao Paulo

A su casa en el pueblo de Abadiania, a 117 kilómetros de Brasilia, van cada semana multitudes con la ilusión de superar enfermedades y problemas físicos, algunos invirtiendo miles de dólares sólo para llegar hasta ahí.

Los tratamientos de João de Deus a veces son con agua o infusiones florales y otras con cirugías "invisibles" o "visibles", mediante pinzas y cuchillos que usa para raspados o extracción real de tejidos.

Alexander Moreira-Almeida, un profesor de psiquiatría en la Universidad Federal de Juiz de Fora (UFJF) que ha investigado las cirugías de João de Deus, dijo que hay una carencia de estudios científicos sobre la supuesta eficacia de esos tratamientos, que en teoría podrían convivir con la medicina.

"Idealmente, una persona puede buscar ese tipo de ayuda como complemento de la medicina tradicional", sostuvo Moreira-Almeida, que también dirige el Núcleo de Investigaciones en Espiritualidad y Salud de la UFJF.
"Sin embargo", advirtió, "hay personas que abandonan el tratamiento médico convencional y buscan una terapia alternativa: infelizmente eso puede tener efectos muy malos".

http://www.bbc.co.uk/mundo/noticias/2012/03/120327_curanderos_america_latina_bd.shtml  
"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

06 abril, 2012

ARTE XI

"Junte-se a nós neste ideal: divulgue o Espiritismo."

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