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10 fevereiro, 2014

Ascenção


Perguntai à flor virente,
De pétalas multicores,
Que com mágicos odores
Perfumam vosso ambiente,

O que fazem cá no mundo,
Tão viçosas, perfumadas,
Pelas sendas desoladas
Deste abismo tão profundo.

Como sorrisos dos Céus,
Essas flores perfumosas
Responderiam formosas:
– “Nós marchamos para Deus!”

A ave que poetiza
Com seus cânticos maviosos
Vossos campos dadivosos
Em beleza que harmoniza,

Se perguntásseis também,
Ela vosretrucaria
“Caminhamos na alegria,
Para a Luz e para o Bem.”

Tudo pois, em ascensão,
Marcha ao progresso incessante,
 

A alvorada rutilante
Da sublime perfeição.

Segui pois, irmãos terrenos,
Nessas trilhas luminosas,
Caminhai sempre serenos,
Entre lírios, entre rosas;

Entre os lírios da Bondade,
Entre as rosas da Ternura,
Espargindo a caridade,
Consolando a desventura.

Só assim caminharemos
Nessa eterna evolução,
E no Bem conquistaremos
A suprema perfeição.

Ascensão" / Casimiro Cunha / Psi. Francisco C. Xavier / Livro: Parnaso de Além-Túmulo - 1932 - / Ed.FEB.
*Casimiro Cunha: Poeta Vassourense, nasceu aos 14 de abril de 1880 e desencarnou em 1914. Pobre, ao demais espírita confesso, não teve maior projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado à sua vida de da sua musa e inatos talentos literários. Há, na sua existência terrena, uma triste particularidade a assinalar, qual a de haver perdido uma vista aos 14 anos, por acidente, para de todo cegar da outra aos 16. Órfão de pai aos 7 anos, apenas frequentou escolas primárias. Era um espírito jovial e forte no infortúnio, que ele sabia aproveitar no enobrecimento da sua fé. Se tivesse tido maior cultura, atingiria as maiores culminâncias do firmamento literário.

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