Tentações x Dever

O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo "Sede Perfeitos", fala-nos do dever moral. O cumprimento do dever nem sempre mostra as lágrimas que verteu aquele que abriu mão de algo que desejava muito viver, sentir ou possuir, mas que não realizou por saber que violaria o dever da honestidade, da fraternidade e do respeito ao próximo.

Cumprir o dever é superar as tentações da existência as quais podem ser materiais, de autoridade, sexuais, afetivas. Muitos, na humanidade, ainda tendem a ser imediatistas e a pensar na satisfação dos seus sonhos e desejos a qualquer preço, usando comumentemente de justificativas que aos olhos de qualquer um que viva com a ideia da vida única, parecem bem acertadas. Mas, valeria mesmo a pena pagar o preço de ser feliz no presente por sobre a angústia alheia e esperar um triste futuro após o descumprimento do dever?

Quando a alma absorve o conceito da vida imortal, da felicidade e paz íntima decorrentes da consciência tranquila, quando o amor ao próximo é mais que teoria, quando a virtude moral é praticada não só quando é fácil fazê-lo, compreende-se que aquilo do que nos abstemos em vida, se na condição de prejudicial a outrem, é prêmio a ser recebido multiplicado na vida que não tem fim.

O Espiritismo não tem a pretensão de dizer a ninguém do que deve abster-se, mas convida a avaliar cada decisão sob a ótica moral e do dever. Saber como avaliar se agimos de acordo com o dever moral, não é difícil nem segredo: analisa qual dor seu ato/decisão causará no próximo.

Todos, nas mesmas condições, podemos sentir dor moral. Se, assim, cada um colocar-se empaticamente na posição alheia e desse modo verificar que sofreria de algum modo (sendo abandonado afetivamente, traído sexualmente, furtado materialmente, humilhado pelo autoritarismo, entre outros), então pode decidir pelo dever não praticando o que desejariam, pois isto seria praticar um mal para o qual, pela comparação de sensações e sentimentos, não poderia alegar ignorância dos resultados.

"O homem que cumpre o seu dever ama
a Deus mais do que as criaturas e ama 
as criaturas mais do que a si mesmo."

(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII). 
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