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03 outubro, 2011

Renovações


Quando a dor te procura, alma querida e boa,

A torturar-te o sonho e a exigir-te mudança,

Qual forja incandescente a que o mundo

te lança

Por burilar-te o ser,

Não te irrites, não temas nem reclames.

Tudo o que vem à Terra, a fim de aprimorar-se,

Sofre transformações, sem recurso a disfarce,

Para servir, brilhar, elevar-se, crescer...



Contempla a Natureza... A fonte quando surge,


Por mais refulja ao sol, figura-se, no entanto,

O coração da gleba a desfazer-se em pranto

Para não se afastar do seio em que é nascida.

Depois, a contragosto, ela própria se aparta,

Serve e canta, esquecendo as próprias mágoas,

Para juntar-se, além, à vida de outras águas

E encontrar, mais além, as vastidões da vida.



Lembra o tronco que viste a erguer-se forte.


Tombou gemendo a cortes destruidores,

Suspirando talvez por guardar-se entre as flores

Do bosque verde e belo em que te recompões.

De maneira imprevista, um dia, transformou-se

Em violino nas mãos de artista sublimado

E olvidando, de todo, os golpes do machado

Hoje é música e prece elevando emoções.



Olha o minério preso e conduzido ao fogo.


Parece tenso e rubro, a serpente em vigia,

Talvez queira voltar à rocha em que vivia

No propósito vão de somente cismar...

Depois não mais recorda, onde ajuda e trabalha,

O forno a que se deu em suplício fecundo,

A fim de ser honrado entre as forças do mundo

Como viga que apóia as caricias do lar.



Se a vida traz, à senda em que te encontras,


Mortes, retaliações, angústias, provas,

Lutas e alterações, sob as quais te renovas,

Do teu sonho mais alto aos sonhos

mais plebeus,

Não te revoltes... Serve e segue à frente,

Planta, chorando embora, o amor que

não se cansa.

Toda tribulação, que te impele a mudança,

É uma luz do progresso e uma bênção de Deus.

Maria Dolores
Livro “Chico Xavier pede licença” Psicografia Francisco C. Xavier Autores diversos



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