Se acha exagerado, veja, na internet, o Café Starbucks, grande rede de franquias europeias, que diz: "Não é só o que está comprando, é o que você está comprando. Quando compra Starbucks, conscientemente ou não, você está comprando algo maior do que uma xícara de café. Você está comprando uma ética de café. Através do Programa Starbucks "Planeta Compartilhado", nós compramos mais café do "comércio justo"(fair trade) do que qualquer outra empresa do mundo, garantindo que os agricultores que cultivam o grão recebam preço justo pelo seu trabalho árduo. E nós investimos e melhoramos as práticas de cultivo do café e as comunidades ao redor do globo. É um um bom Karma do café. Parte do preço das xícaras de café Starbucks ajuda a mobiliar o local com cadeiras confortáveis. E assim por diante.Isso é o que se pode chamar de capitalismo essencialmente cultural. Não se compra apenas café, compra-se a redenção por ser mero consumista. Crê-se agir pelo meio ambiente, atuando para ajudar as crianças famintas da Guatemala, da Colômbia ou do Brasil, fazendo algo para estabelecer o senso de comunidade planetária.
Há outros exemplos como o Tom Shoes, surpresa norte-americana, cuja fórmula é "um-para-um". Alegam que a cada par de sapatos que se compra deles doam outro par para alguma nação africana. Ato de consumismo, incluso o fato que se paga para fazer alguma coisa "boa".
No Brasil também se faz, com as "empresas amigas da criança", associadas a Fundação Abrinq", e os que custeiam o "Greenpeace", o "WWF" ou a Fundação Mata-Atlântica".
Isso gera superinvestimento semântico. Sabe-se que não é só comprar uma xícara de café. Ao mesmo tempo, cumpre-se diversos deveres éticos, Essa lógica está quase universalizada.
Temos um curto-circuito interessante: o próprio ato de consumo egoísta incluindo o preço de seu oposto. Melhor seria estabelecer bases sociais nas quais a exclusão social seja impossível, porém isso requer trabalho para qual poucos se apresentam.
Essa associação entre lucro e caridade é a última tentativa da sobrevivência do capitalismo: não descartemos o mal, façamos o próprio mal trabalhar pelo bem.. Há 30 ou 40 anos atrás, sonhava-se com o socialismo humanizado. Hoje a visão geral é do capitalismo global, com um rosto humano. Temos as regras básicas do jogo, vamos torná-lo um pouco mais humano, com um pouco mais de bem-estar...Apesar das contradições, é bom que seja assim.
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| Brasil |
Estamos cerca dos por uma pobreza terrível, pela fome, pelo desamparo. É inevitável que sejamos tocados por tudo isso...Assim, com intenções admiráveis, porém mal orientadas, achamos que a prática do bem rima com a hipocrisia do lucro, da exploração e que basta dar um pouco do que nos sobra, alimentando as engrenagens do consumismo, que encontraremos redenção.
Segundo a orientação Evangélica, Caridade Efetiva é doação de si, do que nos é essencial, do tempo, do afeto, da atenção aos deserdados, nossos irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Deus. Isso não é pedir demais, pois a vida é dom gratuito do Criador, que nada nos cobra por ela. Diante disso, convém voltar ao ensinamento de Jesus, no episódio em que a pobre viúva doou as moedas necessárias ao seu sustento.
Ver Marcos, 12:43-44)
Antônio Bacarat, Jornal da Mediunidade

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