Pages

27 abril, 2011

Previsões — precognições e imortalidade

Sadhu asceta hinduismo, Allahbad, India
Graças ao método experimental adotado pelo Espiritismo para o estudo dos fenômenos psíquicos, chegou-se a registrar uma série enorme de fatos, dando-se-lhes magnífica coordenação, que comprovam muito bem a sua origem anímica ou espírita, segundo a forma de que se revestiram para os fins altamente significativos da demonstração da existência e sobrevivência da alma.

Este fatos podem, por isso, se dividir em duas categorias: espírita e anímica.

Nenhuma outra teoria poderá explicá-los a contento, com lógica e raciocínio, nem o magnetismo, nem a telepatia, nem o subconsciente ou subliminal. Claro está que deixamos de lado o mistério e o maravilhoso com que o misticismo religioso envolve tais manifestações.

Os fenômenos de previsão e precognição remontam às mais priscas eras; as Escrituras e os livros sagrados estão cheios desses fatos que caracterizam muito bem a história religiosa.

Ultimamente eles têm se reproduzido com tal intensidade que prendem a atenção de todos os intelectuais.

Há alguns anos o Prof. Charles Richet fez um apelo a todos os que tivessem conhecimento desses fenômenos, com relação aos mortos e feridos na tremenda guerra que abalou o mundo, e foi grande o número de comunicados obtidos e arquivados por aquele distinto homem de ciência.

A velha revista “Annales des Sciences Psychiques” publicou uma bela coleta desses fatos. Com efeito, como predizer sucessos que só se realizam muitos anos depois das predições feitas, e ter o conhecimento de fatos ocorridos a grande distância, fazendo abstração do princípio anímico, seja em sua existência ligada ao corpo carnal, seja em sua existência integral de espírito?

Se encararmos a questão sob o ponto de vista fisiológico, nenhuma explicação podemos dar do fenômeno. Mas se a encararmos sob o ponto de vista psíquico, o mistério nos aparece desvendado. 

Para o espírito não existe tempo nem espaço; ele não está cerceado por estas injunções inerentes à natureza humana. A extensão e a penetrabilidade de sua vista é proporcional à sua natureza espiritual, e quanto mais desmaterializado e elevado, mais amplos horizontes constituem o seu domínio, permitindo abranger períodos muitas vezes seculares, como sucedeu a Jesus Cristo, prevendo e profetizando os acontecimentos que têm se desenrolado nos últimos tempos em todo o mundo. (S. Mateus, Cap. XXIV)

Pode-se fazer uma comparação dessa faculdade com a de um homem que armado de um telescópio desvenda o infinito dos céus, enquanto o outro que tem a vista nua não vê nos céus mais do que cintilações de luzes.

Em sua manifestação anímica, o espírito dotado da presciência, revela o que ele próprio viu, observou; em sua manifestação espírita, os casos de previsões e precognições não passam de comunicações de Espíritos, que confiam àqueles que estão encarregados de revelar alguma coisa oculta, com fins altamente substanciosos, para que tiremos desses fenômenos proveitos exclusivamente espirituais.

O dom da predição não é, pois, mais sobrenatural que outros tantos dons que servem de veículos aos fenômenos de naturezas diversas.

Eles são faculdades da alma e repousam sobre as leis do mundo visível e do invisível que o Espiritismo tomou a tarefa de fazer conhecidas. 

Parece intuitivo que os sentidos humanos não se devem resumir àqueles que circunscrevem o homem terreno e se tornam extensivos aos animais. Pensar de outra forma é desconhecer os princípios mais comezinhos da moralidade; é negar a lei da evolução que se manifesta patente em toda a natureza, em todas as coisas e em todos os seres. 

Mesmo nos seres inferiores da criação nós notamos sinais característicos de um sentido superior aos carnais, e que denunciam, portanto, algo além do corpo que lhes serve de invólucro. Com que direito, pois, vamos procurar no cérebro ou nos nervos a causa dos fenômenos que escapam, pelo tempo e pelo espaço, aos limites destes fatores orgânicos da nossa estrutura carnal?

O Espiritismo apareceu no momento propício à resolução dos grandes problemas da vida em suas variadas manifestações.

Estudando os fatos espontâneos e provocados que se desenrolam atualmente em todo o mundo, comparando-os aos que de natureza semelhantes se verificaram em outras eras, ele constituiu a ciência experimental, única capaz de erguer o raciocínio e implantar a fé nos corações.

Devassando o arquivo dos milagres que se tornou o cofre forte das religiões, rasgando o véu do mistério que separa o homem de Deus, prendendo-o à materialidade, a nova doutrina, incomparável em sua moral, de pleno acordo com as lições que os fatos nos apresentam, constituiu a sua filosofia irrepreensível, digna, sem dúvida, de todas as almas nobres, de todos os espíritos liberais que não veem no túmulo o fim da existência, mas sim a passagem para uma Outra Vida isenta das provas por que aqui passamos.

A dignidade do ser humano não pode mesmo sancionar as ideias niilistas que arrastaram a humanidade à degradação, nem se submeter aos princípios sectários que amesquinham os atributos divinos, tornando o Supremo Artífice do Universo, um Senhor injusto, parcial e antropomorfo.

O Espiritismo é o grande libertador das almas. Sobre as bases de uma fé cientificamente demonstrada pelos fatos, iluminado pelos fulgores da Imortalidade, sancionado pela lei do Progresso que rege a Natureza inteira, é ele a única doutrina capaz de despertar as nossas faculdades latentes e mostrar-nos numa visão antecipada os destinos felizes que nos esperam. 

Cairbar Schutel

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escolha um Idioma