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27 junho, 2014

A palavra que faltava


Havia uma mulher que amava as palavras. Desde a meninice, elas exerciam sobre ela um grande fascínio.
Talvez por isso ela tenha aprendido a ler muito cedo. Desejava decifrar aqueles sinais que preenchiam as páginas do jornal.
Gostava de apreciar a sonoridade das palavras. Umas suaves, outras mais agressivas. E de aprender o significado de cada uma delas.
 

Encantava-se em saber que as palavras têm o poder de representar o pensamento humano e estabelecer a comunicação entre as pessoas.
Descobriu que existem palavras doces e perfumadas, como flor, carinho, amizade, maçã. Outras, tristes e angustiantes como lágrima, distância, saudade. Algumas dolorosas como crime, fome, abandono, guerra.
Algumas alegres e descontraídas, como primavera, natureza, criança.
Verificou que existem palavras que soam como uma sentença de morte, como câncer. Dá para imaginar o impacto que esse vocábulo é capaz de causar nos ouvidos de quem a ouve?
 

Um dia, no entanto, ela ouviu dos lábios do médico que acabara de examinar com muito cuidado uns raios-x, esta palavra e a achou muito feia.
Num momento, a paisagem se modificou, pareceu-lhe não haver mais luz, embora ainda fosse dia. O sangue lhe sumiu das faces, dando lugar a um suor gélido.
O coração tentou fugir a galope. Ela se lembrou de que, tempos atrás, fora convocada para uma batalha pela vida. Agora, outra vez lhe competia empreender a luta pela vida.
Fruto da ignorância, o medo, sempre oportunista, se instalou e a insegurança a dominou. O especialista foi lhe afirmando que havia muitas chances de melhora, graças às mais recentes conquistas da medicina.

Mas ela nem conseguia mais prestar atenção. A voz do médico parecia distante. O cérebro dela desenhava paisagens sombrias, comprometendo o equilíbrio.
De volta ao lar, um tanto mais calma, talvez inspirada por benfeitores invisíveis, ela se lembrou de orar. Preparou sua alma para entrar em contato com Jesus e lhe rogar as forças necessárias.
Enquanto orava, pareceu ver o azul do firmamento, num cair de tarde, começando a salpicar de estrelas. Dele se destacou uma luz radiante, abrangendo todo o espaço ao seu redor.
 

Alguém, de olhar sereno e sorriso cativante lhe estendeu os braços. Caminhou em sua direção e um delicado perfume a envolveu.
Ela se sentiu aconchegar de encontro ao peito daquela criatura tão serena, como se fosse uma criança amedrontada.
Uma nova energia invadiu todo o seu ser e, então, como um canto divino ela ouviu dentro d’alma a voz melodiosa do mensageiro:
Filha, por que choras? Entre todas as palavras que admiras, esqueceste a mais importante, a mais poderosa.
Ela se atreveu a perguntar: e que palavra eu esqueci, Senhor?
Ele se afastou um pouco, tomou o rosto dela entre suas mãos e olhando-a com doce ternura, respondeu: a palavra é fé!


                                                                   ***
Fé é a mola propulsora que permite superar óbices e vencer obstáculos.
Fé é força motriz da alma que, assim alimentada, vence os percalços e avança, vitoriosa.
Por esta razão é que o Mestre de Nazaré ensinou, um dia: se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: move-te daqui para lá e ela se moverá.
E a montanha que todos precisamos mover para avançar na estrada da vida, chama-se dificuldade.
Pense nisso.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no texto Xô, palavra feia!, de autoria de Rute Villas Boas.
 
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

22 junho, 2014

A bênção do esquecimento

Um dos postulados básicos do espiritismo é o da pluralidade das existências ou reencarnação.
A evolução dos espíritos exige inúmeras existências para aperfeiçoar-se.
Todos são criados simples e ignorantes, mas seu destino é tornarem-se anjos.
 

A magnitude da meta evidencia a impossibilidade de ser alcançada no curto espaço de uma vida terrena.
Um questionamento frequentemente levantado a essa ideia refere-se ao esquecimento das existências passadas.
Afirma-se que esse olvido é contraproducente.
 

Se já vivemos muitas vezes na terra, por que não nos lembramos?
Segundo alguns, a lembrança auxiliaria a não repetir os equívocos do passado. Também serviria de incentivo à adoção de um patamar nobre de conduta.
 

Afinal, seria possível correlacionar as dores atuais a específicos erros de outrora. Consequentemente, as criaturas teriam interesse em agir com dignidade.
 

A crítica parece sedutora, mas não resiste a uma análise criteriosa.
Tenha-se em mente que o esquecimento constitui a regra geral.
Raras pessoas têm, naturalmente, a lembrança de seu agir em outras existências.
 

A sabedoria divina certamente possui razões para assim estabelecer.
Convém recordar que a lei do progresso rege a vida.
Toda a criação está em permanente processo de evolução e metamorfose.
 

Na conformidade dessa lei, os espíritos não retroagem em suas conquistas.
As posições sociais mudam constantemente, mas ninguém é hoje pior do que já foi um dia.
As conquistas morais e intelectuais dos espíritos jamais são perdidas.
Assim, cada homem hoje se encontra no auge de seu processo evolutivo.
Ninguém nunca foi no passado mais bondoso ou nobre do que é agora.
 

Ocorre que a maioria absoluta da humanidade possui atualmente inúmeras mazelas morais.
Isso evidencia que o passado dos homens, em geral, não é repleto de nobres e belas ações.
Nesse contexto, o esquecimento das encarnações pretéritas constitui uma bênção.
 

No âmbito de uma única existência, quantas vezes a criatura deseja esquecer seus equívocos?
Não é fácil conviver com a lembrança de atos levianos.
Inúmeros relacionamentos periclitam pela dificuldade dos seres humanos relevarem os erros recíprocos.
E na verdade os erros são inerentes ao processo de aprender.
 

Não é possível sair da mais completa ignorância e transitar para a angelitude sem cometer equívocos nesse gigantesco caminhar.
Para propiciar os acertos necessários, a divindade permite o esquecimento do viver pretérito.
 

O que se viveu persiste na forma de intuições e tendências, simpatias e antipatias, facilidades e dificuldades.
Muitas vezes, o inimigo de ontem renasce na condição de um filho.
O esquecimento permite a transformação da mágoa em amor.
Ante o rostinho rosado e o olhar ingênuo de uma criança, torna-se possível amar a quem ontem odiávamos.
 

Quem outrora nos incomodava hoje nos auxilia na figura de um amigo ou irmão. Sob a bênção do esquecimento, refundem-se as emoções e elos fraternos se estabelecem.
Assim, não é relevante lembrar o passado.
O importante é viver bem o presente.
 

Equipe de Redação do Momento Espírita. 
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

18 junho, 2014

Pelo amor

Não te esqueças da riqueza encerrada em teu auxílio no próprio corpo.
Reflete no tesouro da fala e ajuda ao próximo com as boas palavras.
 

Recorda o patrimônio das mãos e planta uma árvore amiga ou socorre a esse ou aquele doente, enquanto as horas voam, em volta de tua permanência na Terra.
 

Pintor - James Sant(1820-1916)
Não menosprezes a fortuna dos ouvidos e guarda o ensinamento útil ou
dignificante, esquecendo quanto seja ruinoso ou sem proveito no caminho diário.
Não olvides a preciosidade dos olhos e enriquece-te de luz, fixando os quadros do Bem.
 

Medita nos dons da inteligência e aprende a raciocinar exclusivamente no melhor a fazer na obra da elevação.
Não é preciso bolsa recheada para atender à verdadeira fraternidade.
O amor não depende de ouro para servir.
 

Sem qualquer recurso monetário, Jesus transformou a Terra, trazendo-nos ensinamentos inolvidáveis cuja grandeza cresce para nós todos no transcurso dos séculos.
 

Pelo amor nascemos, pelo amor nos desenvolvemos, através da morte, para renascer de novo, até a perfeição final. Essa é a Lei.
Pelo Espírito Emmanuel - médium Chico Xavier
 
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

16 junho, 2014

Segundo a carne

Enna, Sicília, Itália

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis.” — Paulo. (Romanos, capítulo 8, versículo 13.)   

Para quem vive segundo a carne, isto é, de conformidade com os impulsos inferiores, a estação de luta terrestre não é mais que uma série de acontecimentos vazios.
Em todos os momentos, a limitação ser-lhe-á fantasma incessante.
Cérebro esmagado pelas noções negativas, encontrar-se-á com a morte, a cada passo.
 

Para a consciência que teve a infelicidade de esposar concepções tão escuras não passará a existência humana de comédia infeliz.
No sofrimento, identifica uma casa adequada ao desespero.
No trabalho destinado à purificação espiritual, sente o clima da revolta.
Não pode contar com a bênção do amor, porquanto, em face da apreciação que lhe é própria, os laços afetivos são meros acidentes no mecanismo dos desejos eventuais.
 

A dor, benfeitora e conservadora do mundo, é-lhe intolerável, a disciplina constituí-lhe angustioso cárcere e o serviço aos semelhantes representa pesada humilhação.
Nunca perdoa, não sabe renunciar, dói-lhe ceder em favor de alguém e, quando ajuda, exige do beneficiado a subserviência do escravo.

Desditoso o homem que vive, respira e age, segundo a carne! Os conflitos da posse atormentam-lhe o coração, por tempo indeterminado, com o mesmo calor da vida selvagem.
 

Ai dele, todavia, porque a hora renovadora soará sempre! E, se fugiu à atmosfera da imortalidade, se asfixiou as melhores aspirações da própria alma, se escapou ao exercício salutar do sofrimento, se fez questão de aumentar apetites e prazeres pela absoluta integração com o “lado inferior da vida”, que poderá esperar do fim do corpo, senão sepulcro, sombra e impossibilidade, dentro da noite cruel? 
Do Livro: Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, médium Chico Xavier
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

11 junho, 2014

Respeite a si mesmo!


Você tem hábitos que sabe que não lhe servem mais? Você tem algum vício ou defeito que lhe incomoda muito? Defeitos todos nós temos, alguns mais visíveis, outros um tanto camuflados, a ponto de nós mesmos não os percebermos.

Sem falsa modéstia, já é uma grande coisa termos o propósito firme de nos melhorarmos, vivermos tentando nos reformar. Mas sabemos que isso não basta. Não dizem que de boas intenções o inferno está cheio? Pois é. A intenção é importante como um começo, como um dos primeiros passos, mas ela deve ser seguida de ação, e por mais que isso seja impopular, essa ação é urgente! Não podemos adiar indefinidamente.

Temos que ter o máximo respeito com o funcionamento dos mecanismos da nossa mente. Nossa mente consciente é a parte racional, que percebe a informação, capta a informação, analisa a informação e julga a informação. Nossa mente subconsciente não é assim tão criteriosa. Na verdade ela apenas cumpre ordens. Tudo o que ela capta ela toma como verdade e armazena. E trata de colocar em prática. Em nosso íntimo somos governados por ela.

O fato é que nossos hábitos estão fatalmente ligados à nossa mente subconsciente. Daí a dificuldade de se abandonar um vício, por exemplo. Você certamente conhece algum fumante que queira parar de fumar e não consegue. Através de sua mente consciente ele sabe que o vício é prejudicial, e acredita em todos os argumentos usados em desfavor do vício. Mas sua crença na dependência, o reconhecimento de sua fraqueza perante o vício, está tão fortemente arraigado em sua mente subconsciente, que ele não se permite buscar suas forças internas para vencer a dependência física e química.

Do mesmo modo acontece em relação aos nossos defeitos, nossas falhas de caráter. Em algum momento você percebe que essas características não combinam com você, com o que você quer e acredita, e então quer livrar-se delas. É fácil? Claro que não. Por isso você não abandona esses defeitos imediatamente. Falha na primeira tentativa, e na segunda, e na terceira… O problema é que isso também pode se tornar um hábito. O hábito de tentar abandonar um mau hábito.

Com o tempo e as tentativas frustradas, sua mente subconsciente passa a acreditar que essas tentativas de abandono do mau hábito são uma espécie de complemento do mau hábito, fazem parte do mau hábito, e você se acostuma a tentar e fracassar. O fracasso se torna aceito. Assim surgem as desculpas do tipo: “eu tento, mas não consigo” ou “eu sou assim mesmo, sempre fui assim” ou “eu tento mudar, mas é difícil”.

Você alguma vez se perguntou por que faz sempre as mesmas coisas erradas, mesmo que já tenha se proposto a parar com isso? Até quando você será capaz de fingir pra você mesmo? Se não dá pra abandonar todos os defeitos da noite para o dia, e é claro que não dá, escolha um ou dois. Escolha um de cada vez. Escolha o pior deles, o que mais o incomoda, e concentre sua atenção e sua força sobre ele.
Cada vez que você falha você fica mais insatisfeito consigo mesmo. E acostuma-se com isso. Finge que isso é normal. Por que você faz isso? Por que esse desrespeito para com você? Se você determinou uma mudança em seus hábitos, em seu comportamento, você deve cumprir! Não perca a credibilidade perante você mesmo. Lembre-se, a todo o momento, que você é a pessoa mais importante do mundo para você Egoísmo? Pelo contrário! Você é o parâmetro de seu comportamento e de suas atitudes para com os outros. Você deve amar o próximo como a você mesmo, não é?

Você deve amar muito ao próximo. Então deve, antes, amar muito a você. E como é que você vai se amar se nem ao menos se respeita? Respeite-se! Cumpra com o que determina para si mesmo. 

Você merece respeito. 
Por Morel Felipe Wikon
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

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