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28 junho, 2013

A verdadeira caridade



"A verdadeira Caridade não consiste em dar do que se tem, mas sim em dar do que se é.
 

Em verdade, o amor que se irradia em bênçãos de felicidade e trabalho, paz e confiança, é sempre a dádiva maior de todas. 

Recordemo-nos, pois, que, sozinho, Jesus deu mais de si mesmo para a evolução da Humanidade do que todos os milionários da história juntos."

Emmanuel (espírito), livro Meditações Diárias. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 

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26 junho, 2013

Perdas: luto, elaboração e sublimação

 

Ao contrário do que muita gente pensa, o luto não acontece apenas pela morte de um ente querido. Há outros lutos, talvez maiores, que ocorrem após a perda psicológica de um objeto ou pessoa a que se tinha apego.

Apego, eis aí a razão de nossas infelicidades e a chave para nossa libertação. Talvez o grande ensinamento da vida, que vamos aprendendo a duras penas, é desapegarmos de coisas, circunstâncias e pessoas. Desapegar não é amar menos ou diminuir a importância do objeto, mas é compreender e aceitar o fenômeno essencial do Universo, que é a transitoriedade.

O Universo, a vida, a sociedade, as pessoas (incluindo nós mesmos) estamos em contínua transformação. Como dizem os filósofos, em eterno devir ou em contínuo vir a ser. Portanto, o segredo de se manter no perene fluxo da vida é ir desapegando-se do que passou e sintonizando nossas emoções no presente ao que é essencial dentre todas as coisas. Há valores que são permanentes, leis que são indefectíveis e universais, objetivos de vida que transcendem o tempo e o espaço
.

Os valores que permeiam as aparências e as exterioridades, como posse, estatus, beleza e fama são mais fugazes e impermanentes do que a própria vida em si, tão efêmera “que passa como um sonho”, como nos ensina a Bíblia. As leis do amor universal e da perfectibilidade dos seres criados por Deus são tão relevantes que jazem insculpidas na nossa consciência e na essência dos fenômenos universais estudados por nossas ciências, desde a física das partículas à biologia molecular e à biologia evolucionária.
Não há objetivos e verdadeiro sentido para a vida tão permanentes e eternos do que aqueles ensinados pelos grandes avatares da humanidade e, mais do que por qualquer outro, por Jesus Cristo. Trata-se do cumprimento da grande lei de solidariedade universal que une a todos, pessoas e demais criaturas. Através da consecução desta lei que nos coloca no seio da plenitude e da felicidade imarcescível, surgem os objetivos sempre atuais de prática da fraternidade, de amor incondicional, de inclusão dos excluídos, de perdão ilimitado e de tolerância constante.

A doutrina espírita pedagogicamente nos esclarece tudo isso e, como Jesus, há dois mil anos, reafirma-nos a realidade da sobrevivência do espírito após a morte e a continuidade da vida em outras dimensões do Universo. Por isso, consola-nos os corações sofridos no luto pelas grandes perdas, seja pela visita da morte, seja pelo abandono de almas queridas, seja pela perda de ilusórios haveres ou de posição social.

O espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, consola-nos e exorta-nos à transcendência face às grandes perdas, tomando por paradigma as causadas pela morte:
“Ante as lembranças queridas dos entes amados que te precederam na Grande Transformação, é natural que as tuas orações, em auxílio a eles, surjam orvalhadas de lágrimas. Entretanto não permitas que a saudade se te faça desespero.


Recorda-os, efetuando, por eles, o bem que desejariam fazer. Imagina-lhes as mãos dentro das tuas e oferece algum apoio aos necessitados.

Lembra-lhes a presença amiga e visita um doente, qual se lhe estivesses atendendo à determinada solicitação. Distribui sorrisos e palavras de amor com os irmãos algemados a rudes provas, como se os visses falando por teus lábios, e atravessarás os dias de tristeza ou de angústia com a luz da esperança no coração, caminhando, em rumo certo, para o reencontro feliz com todos eles, nas bênçãos de Jesus, em plena imortalidade.”

Luiz Antônio de Paiva é médico-psiquiatra e presidente da Associação Médico-Espírita de Goiás.
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25 junho, 2013

Compreensão



Sem a humildade não há progresso possível.
Todo o trabalho humano – serviço nosso na obra do Cristo – não pode apresentar características de perfeição absoluta.



O Mestre, porém, aceita-nos a boa vontade no esforço da cooperação sincera e estende-nos mão forte, sempre que a perseverança na Luz e no Bem vibre em nossas atitudes.
 

Continuemos, desse modo, atentos aos nossos deveres.
 

Indispensável acordar vossas energias interiores com Cristo que nos renova a ser, marchando ao encontro da Vida Maior.
Quem te enviou ao trabalho da Terra está observando o teu esforço.
 

A vida é um cântico em todos os lugares.
Cada ser é uma nota da Sinfonia Universal.
Não firas a harmonia com a maldade ou com o lamento...

(Emmanuel, de "Caminho Iluminado", de Francisco Cândido Xavier)
Mensagem sintetizada de "Compreensão" 

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19 junho, 2013

Viver com emoção


 


E então?! O que você está esperando para
viver com emoção? É hora de se aventurar com tudo!
Pois viver é aventurar-se todos os dias! Sem medo da felicidade!
Sem receio do impossível! Pois nada, nada é impossível
para quem acredita no possível! Para quem tem
vontade de realizar de verdade todos os desejos e planos!
 

Viva com emoção! Entregue-se ao doce sabor da
natureza! É a natureza que gira com a vida! Que dá bons
frutos! É festa para os olhos ! Consolo na hora da ansiedade!
 

Entregue-se ao cheiro gostoso das árvores! Deixe o
ar purificado das plantas, depois da chuva, entrar
no seu coração! Emocione-se com o espetáculo
que a natureza nos dá todos os dias: o voo das gaivotas,
a água da cachoeira, cheia de magia, descendo das pedras,
o rio correndo, as ondas do mar, as violetas se abrindo, o
cheiro da fruta preferida, o som da floresta! Aproveite e
dance! Sapateie! Cante! Pule! Seja a sua maior emoção!
 

Deus espera o melhor de você ! Deus espera AÇÃO!
Transmita aos amigos, filhos, pais e irmãos,
o que existe de bom no seu coração!
Quanto maior a emoção, maior o desejo de ser feliz!
A vida acontece quando você tem capacidade de se emocionar!
Vamos lá !! EMOCIONE-SE e bote a vida para funcionar!!
Autor: Antonio Marcos Pires 

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18 junho, 2013

Conexão ativa

FOTO - Festa, Nepal

Muitos seres humanos alimentam o medo por alguma infeliz ocorrência em suas vidas ou por conta de alguma pessoa ignorante que só conhece a violência e a espalha por onde caminha... É muito importante avaliarmos se temos algum tipo de medo escondido em nós, pois quando alimentamos esse sentimento passamos a lhe dar força e poder. 


Quando o medo cresce em nós paralisamos as nossas atitudes e passamos a nos acovardar perante os desafios da vida. Todo aquele que não consegue tomar decisões está amarrado ao medo. O medo é o nada querendo ser alguma coisa e ele só é fortalecido pela nossa ignorância espiritual.

Sabemos que a vida não é fácil e que em algum momento todos passarão por dificuldades, entretanto, quanto mais nos esforçarmos para trazer luz ao nosso espírito, maior será a nossa chance de vitória em qualquer situação. O ser humano que busca em Deus a sua força interior, confia e sabe que não está sozinho. 


Basta apenas uma prece sincera para que a conexão seja feita e possamos receber o auxilio necessário para superar o momento difícil. Quando deixamos de manter essa conexão ativa abrimos espaço para o medo e todos os sentimentos daninhos que prejudicam a nossa evolução espiritual.

Somos seres da luz e nela devemos nos manter através da ligação diária com Deus. Não importa o tamanho da fé ou a intensidade da luz que brilha em nós, o importante é cultivar o bem e o amor em nossas ações diárias. Essas ferramentas ajudam a eliminar o medo que nos paralisa e nos faz pequenos perante a grandiosidade da vida. A conexão ativa com Deus restabelece o equilíbrio espiritual e material do ser humano criando uma sintonia positiva em todas as áreas da vida. Como está a sua conexão com Deus? Avalie e busque o melhor para a sua vida!


Por Lucy Alves da Costa Tavernizi - Revista Ser Espírita

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12 junho, 2013

Não se iluda


Passe é terapia de superfície, alívio momentâneo e até duradouro, mas não definitivo. Não atinge as causas, embora em muitos casos de fé positiva e merecimento consiga operar curas de enfermidades graves.

A causa de nossas perturbações reside em nós mesmos, nas

Auguste Rodin (Paris 1840 — Meudon, 1917)
 

inferioridades morais que todos temos. Por isso, muito mais importante que o passe é o esforço por esclarecer-se. Esclarecidos, seremos defensores pessoais de nós mesmos. Saberemos defender a própria saúde, física e espiritual.

As perturbações de ordem espiritual, a influência de espíritos ou sua presença incômoda é de nossa própria responsabilidade. Somos nós que lhes permitimos se aproximarem de nós. Quando sentimos ódio, revolta, inconformação, inveja, ciúme ou outros sentimentos mesquinhos, verdadeiramente escancaramos nossas defesas espirituais e os espíritos infelizes encontram livre acesso para nos perturbar.

Conclui-se em breve raciocínio que NÃO ADIANTA viver recebendo passe e NÃO MELHORAR o comportamento. E isto se compreende de maneira muito ampla quando se estuda. Nossa preferência deve ser de procurar antes reuniões de estudos, palestras, estudo dos livros, para conhecer com profundidade as causas das enfermidades, das perturbações.

É comum encontrar-se o Centro cheio em dia de passe. Reduzido, porém, em dia de estudos ou nas palestras doutrinárias. Ora, isto é um equívoco tremendo. Valoriza-se demasiadamente a tarefa do passe, em detrimento do que o Espiritismo possui de mais belo - o seu conteúdo doutrinário. Este sim precisa receber prioridade dos dirigentes espíritas para levá-lo ao conhecimento do público e também receber nossa preferência, quando frequentadores dos Centros.

O estudo espírita é altamente terapêutico, preventivo. Abre a mente, esclarece o raciocínio. Mas, aqui também, não se iluda. O estudo requer perseverança, continuidade, interesse... A Doutrina possui material de estudo e reflexão para a vida toda.

O passe é importante? Claro que sim! Muito importante. Mas é tarefa e recurso secundário. Somente o estudo ensina a pessoa a auto defender-se. Conhecera Doutrina Espírita deve ser nossa meta. Ela não veio para ficar nas estantes. Veio para ser conhecida, ajudar o homem. Desprezá-la demonstra desconhecimento da grave responsabilidade de que estamos investidos e também total desconsideração ao público que pretensamente julgamos atender.
Autor: Orson Peter Carrara 

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10 junho, 2013

Resguardo


Quem semeia a discórdia está ateando fogo na mente alheia, e ficará envolvido nas cinzas da revolta e nos carvões da inimizade. Todo resguardo é pouco, diante dos impulsos da maledicência. Antes de falar, pensa: se fosse o Cristo, o que Ele diria?

Abster-se da intimidade alheia é vigilância nobre do homem de bem. Quando o teu próximo te faz confidente, lembra-te da decência das respostas. Não passes dos limites que o bom senso te reserva; cuida da meditar muito no que irás falar; coloca-te no lugar de quem está te revelando os teus problemas. Invertendo as posições, sentir-te-ás envolvido na sabedoria, apoiado pelo coração.

O acatamento devido, nas situações adequadas, estimula a tranquilidade na consciência, limpa o raciocínio, e promete esperança na vida, para a vida de Deus.

Sejamos discretos, no que ouvimos, educados no que sentimos e conscientes no que falamos, para que nossas mãos possam trabalhar livres no automatismo do bem da vida, em favor de todos.

Emprestemos nosso concurso a todo trabalho de benevolência, na hora em que formos convocados. Não exigir, no momento de ajudar, é caráter já firmado nos conceitos de Jesus e ambiente seguro para que Cristo nasça em nós.

O prazer da intriga é para quem despreza a fraternidade.

A língua acionada pelo ódio, corrompe o ambiente de paz.

A contenda quase sempre nasce com o estimulante da vaidade e absorve o tempo em que o trabalho se expressaria como progresso.

Procura ocupar a tua mente com tudo que diz respeito à nobreza, porque o vazio é morte e a morte é a vida que deixou de mover-se.

A prudência gera amizade, em todos os ângulos, e a amizade fortalece o convívio humano, dignificando a família e enriquecendo a coletividade.

Se te aparecer alguém falando dos outros, não o repreendas com violência, porque pode ser um doente. Às vezes, a doença nos faz esquecer que estamos ligados a todas as criaturas, pelo amor de Deus.

Há muitos modos de não se aceitar as idéias maldizentes, sem provocar revolta no detrator. Quem serve como instrumento de educação, não se irrita com simples banalidades dos que desconhecem as leis da unidade de Deus, conosco e com as coisas. O seu amor cobre todas as faltas, e faz secar a fonte de todas as imprudências.

Sê discreto, onde estiverdes; cauteloso, por onde andares; e vigilante, diante das influências dos outros, sem nunca alcançar os extremos onde o perigo maior está rondando. Confidencia com o Cristo, no silêncio de tuas meditações, e com o teu desejo de servir melhor aos teus semelhantes e a ti mesmo. Ele, o Mestre dos Mestres, não deixará de te ajudar, por vias que ignoras.

Pelo Espírito: CARLOS - Psicografia: JOÃO NUNES MAIA
Do livro: TUAS MÃOS
 

04 junho, 2013

A Resignação é Força Espiritual


Constitui assunto interessante o problema da resignação. Para muitos, resignar-se significa adotar atitude passiva em face da vida, renunciar a qualquer espírito de reação justa e digna, numa tentativa de reequilíbrio moral ou material, conforme o caso. Entre a resignação ativa e a resignação passiva, é grande a distância. Há necessidade de penetrar bem o sentido evangélico dessa atitude de conformação, para bem se assimilar o legítimo pensamento de Jesus.

PINTURA, Clement Stuart
Aqueles que, iludidos por errôneas interpretações dadas ao Cristianismo do Cristo, não puderam ainda vislumbrar as fulgurações do pensamento cristão, ficaram estacionados na letra dos textos, incapazes de perceber a expressão do espírito que ela encobre. Jesus jamais pregou o desânimo e a passividade. Sempre foi sereno na fé, corajoso na serenidade e senhor de si. Em ocasião alguma deixou de reagir, ainda mesmo quando desdobrava sobre seus atos o manto diáfano da resignação. Pode parecer paradoxal o que dizemos, mas a verdade é que Jesus ensinou às criaturas que a resignação não é o desânimo, assim como a reação não é a revolta nem o desespero. Sua passagem pela Terra foi maravilhoso exemplo de energia fecunda e de atividade realizadora.
 
Através da bela linguagem parabólica, confirmou sua dinâmica atividade no trabalho pela iluminação do espírito humano. Sua ação foi sempre positiva, ainda mesmo quando, no suplício da cruz, convocou as últimas energias que lhe restavam naquele transe supremo, para, em sublime forma de resignação ativa, pedir a Deus que perdoasse aos que o sacrificaram, porque não sabiam o que estavam fazendo. E os séculos têm provado que, efetivamente, eles ignoravam a enormidade do crime que consumaram no Gólgota sombrio...
 

Nós, os espíritas, há muito que nos habituamos a ver e a sentir o Mestre longe da macabra visão da cruz, mas em toda a plenitude do seu poder espiritual, tal como ele deve ser visto e deve ser sentido: visto através da sua legítima posição no Evangelho, realizando a semeadura dos preciosos ensinamentos que ficaram como inestimável tesouro da Humanidade, e, sentido pelo coração, consoante o caminho do estudo e da meditação, Jesus não filosofou, pregando teorias complexas ou confundindo os que o ouviram e aqueles que, ainda hoje, se rejubilam com as lições evangélicas, em complicadas dissertações: Não foi confuso na explanação metafísica dos seus ensinamentos: foi simples e claro. Tão simples e tão claro que soube usar da linguagem que, simultaneamente, chega ao cérebro e ao coração dos homens de boa vontade.
 

Ao indicar ao homem o rumo da resignação, não estabeleceu itinerário para a passividade. Tanto assim que - apontemos apenas um exemplo - na parábola da ovelha perdida, perguntou: “Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? Se acontecer acha-la, em verdade vos digo que se regozija mais por causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.” Deixemos de parte a interpretação comum dada a esse trecho evangélico e apreciemos outro aspecto dessa linda parábola. Se Jesus houvesse feito da passividade uma forma de resignação, o homem se conformaria com o extravio da ovelha e ficaria satisfeito por ainda poder contar com noventa e nove. Entretanto, Jesus apontou como fato saliente da parábola a particularidade de o homem haver deixado as noventa e nove e pôr-se a caminho, nos montes, em busca da ovelha perdida. Em vez da resignação passiva, a energia realizadora.
 

Precisamos aprender a resignação evangélica, tão longe da passividade e do desânimo que marcam, geralmente, o raciocínio dos que não se detêm no exame sereno de tão delicado problema da vida humana, A resignação consciente é uma modalidade de ação. O homem resigna-se em face do irremediável. Enquanto não se capacita de que tudo está consumado, deve lutar sadiamente pela recuperação de sua ovelha perdida. Mesmo a conformação em face do fato irremediável, sua atitude não deve ser de estéril desalento. É prova de perfeita identificação com os princípios espirítico evangélicos, o cultivo da coragem em face das vicissitudes.
 

Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, lê-se numa comunicação do Espírito de Lázaro (Paris, 1863): “A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem que os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações, que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade material desprezava.”
 

É dever da criatura humana reagir nobremente em face das vicissitudes.

É essencial não confundir resignação com covardia. Esta é uma “resignação” compulsória, imposta pela incapacidade de convocar todas as energias para enfrentar corajosamente as situações graves. A verdadeira resignação é serena e consciente. Ela assume o controle da situação em que se vê envolvida a criatura, dando-lhe meios de raciocinar e aceitar o fato consumado, desde que, efetivamente, não possua elementos para desfazê-lo. Mesmo assim, a resignação, e não o desânimo, pode revestir-se do caráter ativo, reagindo. Como reagir? Fortalecendo-se na prece e exemplificando as lições evangélicas, com o fito de superar a provação que lhe foi imposta pela lei cármica.
Em outro ponto do Evangelho, Jesus ensina que a resignação não deve ser passiva. Na parábola do amigo importuno, demonstra que este "conseguiu ser atendido em virtude da insistência com que procedeu, indiferente à negativa inicial que encontrara. 


Se não, vejamos: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu acaba de chegar a minha casa de uma viagem, e nada tenho para lhe oferecer; e se do interior o outro lhe responder: Não me incomodes, a porta já está fechada, eu e meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para Lhos dar. Digo-vos: Embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães precisar.” Se o solicitante se resignasse com a primeira negativa e se retirasse, teria assumido uma resignação passiva. Entretanto, insistiu, pôs energia para reagir contra o obstáculo e, afinal, triunfou. O mesmo acontece, na vida comum. Muitas vezes somos feridos por um golpe sério e ficamos como que atordoados, Se o que aprendemos no Espiritismo possui força dentro de nós, começamos a reagir, realizando esforços para conter o desespero que, de outro modo, de nós se apossaria. Essa reação benéfica deixa um lastro de serenidade que nos permitirá, ainda que paulatinamente, reconquistar o domínio de nós mesmos. Ainda que em face do irremediável, temos o recurso da reação através da prece.
 

Portanto, é falso o conceito de que resignar-se alguém constitui entregar-se ao desânimo, numa atitude passiva. Está no Evangelho: “O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme a marcha por que encare a vida terrena. Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento.” 

A resignação real não exclui a possibilidade de a criatura reagir para sobrepor-se à desventura. Tudo depende, evidentemente, da preparação espiritual de cada um, das reservas morais que possua para resguardar-se do desânimo que precede ou sucede ao desespero, quando este parece em condições de adquirir forma. Esclarece o Espírito de Lacordaire (Havre, 1863, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Quando o Cristo disse: «Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence”, não se referia, de modo geral, aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; porém, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Todos sabemos que o Pai não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e, para isso, é que a vida se apresenta cheia de tribulações.”
 

A Doutrina Espírita, que vem de Jesus, pois é o Consolador Prometido pelo Mestre, prova exuberantemente que a resignação em face das vicissitudes não deve estar isenta da coragem para reagir contra o desânimo. Se assim não fora, as oportunidades proporcionadas pela reencarnação não teriam lugar na vida humana e na vida espiritual. 

Entretanto, em cada encarnação o Espírito enfrenta possibilidades magníficas de reagir contra os erros do passado, preparando-se para as alvoradas de luz do futuro. Seja qual for a situação, a criatura humana pode amparar-se na resignação ativa, buscando para si mesma, no Evangelho ou na Doutrina codificada por Allan Kardec, o bálsamo para as suas dores, o refrigério para as suas tribulações, a luz que lhe iluminará a trajetória.
 

Para aqueles que possuem o coração puro e o espírito humilde, as dificuldades da caminhada serão progressivamente atenuadas. Já o disse Jesus: “Bem-aventurados os que têm puro o coração, porque verão a Deus.” O caminho mais curto para alcançar a humildade é a resignação consciente, a resignação que reage pela fé, pela energia que fortalece a compreensão do destino humano e pelo trabalho de reerguimento, após cada vicissitude, que revigoriza a trajetória espiritual.
 

Bem mais fácil é aqueles que não estão alanceados pela dor dar conselhos sobre a resignação; bem mais difícil se torna a recomposição rápida dos que são surpreendidos pelo sofrimento, se seu espírito não se encontra fecundado pelas sublimes lições do Evangelho. Os ensinamentos de Jesus não são expressões supérfluas de uma literatura mística. Eles representam o conteúdo de uma sabedoria que se consolidou no exemplo do Mestre, através do apodo dos ignorantes, das injúrias dos maus, das injustiças dos poderosos, da traição dos pusilânimes e do ódio dos que se enfermaram em cultos incompatíveis com os princípios de amor, de paz e de caridade. Sabedoria que se fortaleceu com a sinceridade dos crentes, com a prece dos que compreenderam os ensinos e as lágrimas daqueles que tiveram sua sensibilidade solicitada no testemunho das horas de amarga provação.
 

A resignação consciente é a arma da criatura que tem fé, pois que nela se resguarda das tempestades do desespero. Nos momentos cruciais da dor é que se evidencia a potencialidade da fé. Nem foi por outro motivo que Jesus, nas bem-aventuranças a que se referiu no Sermão da Montanha, o poema por Ele composto com o sentimento, disse: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.” Essa consolação sé estende a todos, indistintamente, mas aqueles que possuem a virtude da resignação consciente, da resignação ativa, são os que mais depressa recebem o conforto do Alto. 

Portanto, não se diga que o Cristianismo do Cristo prega o desânimo, porque, na verdade, ele institui a coragem moral como base da obra cristã, ao lado do amor e da caridade. Resignar-se conscientemente é compreender os desígnios da Vida e aceitá-los como se aceita a Verdade.  

A resignação consciente não despreza a luta pela própria recuperação, não abandona a energia estimulada pela fé racional. Ela trabalha, ativa-se, dinamiza-se, quer através da prece, quer através das ações verticais, porque é uma força espiritual positiva. Não é desalento, mas paciência e confiança nas leis que regem a vida humana e a vida espiritual. 
Resignação é força, é coragem e, sobretudo, fé, quando não se desvitaliza na passividade doentia nem se destrói no desespero inútil.  

Resignação consciente significa compreensão lúcida. Foi para os que sabem resignar-se, sem se perderem no tremedal da desesperação, que o Cristo Jesus ensinou à Humanidade, no episódio maravilhoso do “Sermão da Montanha”: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra; bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; bem-aventurados os que têm sido perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que existiram antes de vós.”
 

Os humildes de espírito sabem, intuitivamente, a importância da resignação esclarecida, porque esta decorre da sua própria humildade, o mesmo sucedendo quanto aos mansos e limpos de coração. Os que choram realizam a prece das lágrimas, mas não devem permitir que estas afoguem a capacidade de reagir, a fim de não se tornarem presas inermes do desalento. Os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos e injuriados podem e devem colocar-se espiritualmente em condições de salvaguardar os direitos que lhes são próprios, fugindo à violência, mas fortalecendo-se intimamente para resistir às iniquidades. 

Os bem-aventurados e misericordiosos, os pacificadores e os justos, estes já se encontram tocados pela graça divina, tanto que externam, pelos atos e pelas palavras, o prêmio que já lhes condecora o espírito.
 

A resignação tem seu poder espiritual. Todavia, é preciso não permitir que ela se avizinhe ao contato com o desânimo, porque este é um aspecto da resignação passiva e inútil, enquanto a reconquista do ânimo, a luta pela recuperação da esperança, significam um aspecto da resignação ativa e útil, porque consciente. Entendendo-se assim a resignação, nela encontraremos meios de atenuar, pelo menos, as provações da vida terrena, evitando nos abismemos na desesperança e na desorientação. Peçamos sempre ao Alto que nos dê, nas ocasiões propícias, essa elevada compreensão, a fim de que não falhemos no testemunho.
Vinélio DI Marco - (Indalício Mendes) - Reformador (FEB) Fevereiro 1955

"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

03 junho, 2013

Ambientes


Importante pensar que não apenas termos o que damos, mas igualmente viveremos naquilo que proporcionamos aos outros.
Daí o impositivo de doarmos tão somente o bem, integralmente o bem.
 

FOTO - Refugiados Sri Lanka, Ásia
Se em determinada faixa de tempo criamos a alegria para os nossos semelhantes e criamos para eles o sofrimento em outra faixa, nossa existência estará dividida entre felicidade e desventura, porque teremos trazido uma e outra ao nosso convívio, arruinando valiosas oportunidades de serviço e elevação.
 

Se oferecemos azedume, é óbvio que avinagraremos o sentimento de quem nos acolhe, reavendo, em câmbio inevitável, o mesmo clima vibratório, como quem recolhe água inconveniente para a própria sede, após agitar o fundo do poço, de cuja colaboração necessite.
 

Se atiramos crítica e ironia à face do próximo, de outro ambiente não disporemos para viver senão aquele que se desmanda em sarcasmo e censura.
 

Certifiquemo-nos de que não somente as pessoas, mas os ambientes também respondem. Queiramos ou não, somos constrangidos a viver no clima espiritual que nós mesmos formamos.
 

Pacifiquemos e seremos pacificados.
Auxilia e colherás auxílio.

 

Tudo que espiritualmente verte de nós, regressa a nós, “Dá e dar-se-te-á”, ― asseverou Jesus. O ensinamento não prevalece tão só nos domínios da dádiva material propriamente considerada. Do que dermos aos outros, a vida fatalmente nos dá.

EMMANUEL - DO LIVRO "ALMA E CORAÇÃO" - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER 

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02 junho, 2013

Destruição e Miséria


“Em seus caminhos há destruição e miséria.” Paulo. (Romanos, cap. 3, v. 16.)
Quando o discípulo se distancia da confiança no Mestre e se esquiva à ação nas linhas do exemplo que o seu divino apostolado nos legou, preferindo a senda vasta de infidelidade à própria consciência, cava, sem perceber, largos abismos de destruição e miséria por onde passa.
 

Se cristaliza a mente na ociosidade, elimina o bom ânimo no coração dos trabalhadores que o cercam e estrangula as suas próprias oportunidades de servir.
 

Se desce ao desfiladeiro da negação, destrói as esperanças tenras no sentimento de quantos se abeiram da fé e tece vasta rede de sombras para si mesmo.
 

FOTO - Berg
Se transfere a alma para a residência escura do vicio, sufoca as virtudes nascentes nos companheiros de jornada e adquire débitos pesados para o futuro.
 

Se asila o desespero, apaga o tênue clarão da confiança na alma do próximo e chora inutilmente, sob a tormenta de lágrimas destrutivas.
 

Se busca refúgio na casa fria da tristeza, asfixia o otimismo naqueles que o acompanham e perde a riqueza do tempo, em lamentações improfícuas.
 

A determinação divina para o aprendiz do Evangelho é seguir adiante, ajudando, compreendendo e servindo a todos.
Estacionar é imobilizar os outros e congelar-se.
Revoltar-se é chicotear os irmãos e ferir-se.
Fugir ao bem é desorientar os semelhantes e aniquilar-se.

Desventurados aqueles que não seguem o Mestre que encontraram, porque conhecer Jesus-Cristo em espírito e viver longe dele será espalhar a destruição, em torno de nossos passos, e conservar a miséria dentro de nós mesmos.

(Emmanuel, de "Fonte Viva", 27, Francisco Cândido Xavier)
"JUNTE-SE A NÓS NESTE IDEAL: DIVULGUE O ESPIRITISMO."

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